sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Muro


Uma oportunidade de enxergar através dos olhos de jovens da favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, a amplitude desses olhares sobre seu espaço de vida.

 
“O Muro” é uma instalação interativa idealizada pela equipe do projeto “EU SOU” a partir de fotos realizadas por 80 crianças e adolescentes moradores do Jacarezinho.
Esse projeto é resultante da revisão de uma estética até então aprisionada por critérios de beleza e qualidade sempre distantes desses jovens. Na verdade, são critérios localizados do outro lado do “muro social” que divide a cidade.


Museu da República
Rua do Catete, 153
Local: Jardim
Horário: 8h às 18h
Período: 24 de setembro a 9 de outubro

Mais informações sobre o Projeto Social Eu Sou: aqui

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Invasão de privacidade



Recebi hoje, 24 de Setembro de 2012, uma correspondência com a indicação do Senador da República pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque, apoiando o candidato a vereador Jorge Magdaleno, PDT.
Segundo o Senador o candidato em questão é “O Vereador da Previdência do Povo”.
Como sou funcionária aposentada do Estado do Rio de Janeiro acredito que meus dados foram disponibilizados através do RioPrevidência.
Registro minha indignação, pois se nosso cadastro é oferecido para candidatos pode ser usados para outros fins.
Com a minha privacidade invadida o caminho encontrado foi registrar a ocorrência no site do TRE.

“Número de registro de envio:2012------
Data e hora de envio:24/09/2012 20:00:22
Prezado usuário, caso deseje acompanhar o andamento da sua denúncia anote os dados acima e ligue para a 023ª ZE do município de RIO DE JANEIRO no número (21) 2524-3638”

Não acredito que haja algum tipo de punição, mas cumpri meu papel de eleitora e cidadã indignada.
Esse é o Rio que eu NÃO QUERO.

sábado, 22 de setembro de 2012

Esclarecimento ao Deputado Pedro Paulo, coordenador da campanha do candidato Eduardo Paes


Foto Marta Antunes, disponibilizada no Facebook

 
Esclarecimento ao Deputado Pedro Paulo, coordenador da campanha do candidato Eduardo Paes

Ao ler na coluna Informe do dia, do Jornal O Dia de 22-09-2012, a declaração, em tom jocoso, do deputado Pedro Paulo, um dos coordenadores da campanha do Sr. Eduardo Paes, ironizando a frase usada por artistas que apóiam Marcelo Freixo: “Sou São Pedro e fecho com Eduardo Paes”, gostaria de informar-lhe que São Pedro deve ter fechado com o Freixo e a chuva que desabonou no Rio de Janeiro, horas antes do comício histórico, desceu com o objetivo de lavar a cidade do lamaçal em que ela se encontra.
Felizmente a chuva não impediu que milhares de eleitores do Freixo comparecessem ao comício, embora não fossem servidores intimados por e-mail, com o “delicado” convite alertando que a presença era obrigatória.*
Os eleitores de Freixo foram convidados através das redes sociais e chegaram por lá encharcados, após engarrafamentos causados pelo trânsito caótico da cidade, problemas nos trens, metrô, esses acontecimentos diários que atravancam a vida do carioca.
Estivemos lá sem ônibus fretados, sem cachês de “ajuda de custo”, sem lanchinhos distribuídos ao final.
Nossa presença na campanha do Marcelo Freixo e no comício histórico foi unicamente para demonstrarmos que queremos MUDANÇAS.
Não queremos mais ser governados por partidos em disputas de cargos, por coligações estapafúrdias, por deboches com o eleitor, com maquiagens na cidade.
Eu não quero fazer parte desse “Somos um Rio” fictício, o Rio que quero é o Rio rebelde com participação massiva da juventude como tenho visto nos últimos meses.
O Rio de Janeiro PRECISA de outros homens, homens com ideais.
Regina Coeli Carvalho


terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Rio rebelde


O Rio rebelde
Começo pelas propostas defendidas pelo candidato.

Sobre a educação, o diagnóstico é preciso: "As escolas públicas estão sem alma." Educação séria, em qualquer lugar do mundo, requer horário integral e professores bem pagos, excluída a famigerada "terceirização", que destrói os vínculos entre os funcionários e os serviços. Em cada escola, autonomia pedagógica, observados parâmetros democraticamente construídos.

A saúde pública também deve basear-se em médicos, enfermeiros e auxiliares concursados, estáveis e decentemente remunerados, encerrando-se a experiência das Organizações de Saúde/OS, uma privatização mascarada, baseada na anarquia salarial e na falta de compromisso dos profissionais com os centros de saúde e os hospitais: "Vamos fazer concurso público, até porque o dinheiro que banca as OS é público e muito." Quanto à habitação popular, critérios rigorosos na efetivação das chamadas "remoções": "A política atual é irresponsável." Em questão, uma "concepção de cidade". O que se quer? Entregar a cidade aos negócios ou às pessoas? Dá para combinar os dois? Dá, mas numa "cidade de direitos". Freixo cita exemplos concretos: "Em Londres, por lei, metade das moradias da Vila Olímpica foi destinada à população de baixa renda. A Vila dos Jogos Pan-Americanos na Barra foi toda jogada para o mercado imobiliário."

Na área dos transportes públicos, "enfrentar o poder das empresas de ônibus, reunidas na Federação dos Transportes (FETRANSPOR)." Os consórcios funcionam como um cartel, impondo tarifas escorchantes, recusando-se a aceitar o bilhete único, praticado, há anos, nas grandes capitais do mundo. Em jogo, o "modelo rodoviário". O atual tem custo alto, polui e inferniza a vida das pessoas. Por que não viabilizar o transporte sobre trilhos? As vans assumiriam uma vocação "complementar", organizando-se licitações individuais, para neutralizar o poder das milícias.

Finalmente, em relação à segurança, é falso dizer que se trata de matéria exclusiva do estado. As milícias fundamentam seu poder em atividades econômicas que se efetuam em territórios determinados. Ora, tais atividades e territórios são - ou deveriam ser - regulados pela autoridade municipal. Haveria um largo campo a ser aí explorado, sempre em parceria com os governos estadual e federal, sem nenhuma conciliação com as milícias.

Selecionei cinco questões essenciais. É clara, em todas elas, a vontade de mudança, respeitando-se os valores democráticos. A marca rebelde contra o marasmo, um sistema exaurido que se repete e se rotiniza à custa das grandes maiorias.

Mas os sinais de rebeldia aparecem principalmente na mobilização e no incentivo à auto-organização das gentes. A recuperação da militância gratuita e espontânea, motivada por valores - políticos e éticos. Cada reunião é um comício. Cada comício surpreende pela afluência das pessoas. Renasce o melhor da tradição democrática brasileira, viva e promissora, em especial na primeira metade dos anos 1980, com destaque para a participação de artistas, meio sumidos nos últimos anos dos embates políticos. Pois eles estão de volta, generosos e solidários. Não seria esta uma indicação de tendências profundas? A sintonia fina entre artista e sociedade?

O exercício de cidadania não vai morrer após a campanha eleitoral. O candidato propõe - "eixo central da sua política" - a construção de Conselhos de Políticas Públicas e a reanimação das associações de bairros, destinados, em conjunto com os vereadores, a formular e a controlar a aplicação das políticas e das leis, viabilizando uma "outra concepção de governo", distinta do atual troca-troca de favores por votos, onde quase sempre se encobrem interesses escusos. O Rio tem tradição rebelde.

Em 1968, houve aqui o movimento estudantil mais atuante, e as maiores passeatas contra a ditadura. Na segunda metade dos anos 1970, a luta pela anistia - ampla, geral e irrestrita. Nas primeiras eleições livres para governadores, em 1982, a vitória de Leonel Brizola - "Brizola na cabeça" - representou desafio à ordem vigente. Ao longo da campanha das Diretas-já, o povo nas ruas contribuiu para consolidar o processo de transição democrática. Na sequência, Fernando Gabeira quase foi eleito prefeito da cidade contra ampla coligação de interesses conservadores. Em 1989, nas primeiras eleições diretas para presidente, outros comícios - imensos - por Lula e Brizola. A partir dos anos 1990, porém, no quadro da "administração das coisas", as eleições perderam encanto, cada vez mais dominadas pelo dinheiro e pelo marketeiros.

Não terá chegado a hora de mais uma virada? Retomando tradições críticas que existem no tempo longo, enraizadas na cidade?

É verdade que outra candidatura fala de si mesma como "um rio". Pode ser um rio qualquer. Mas o Rio rebelde, nas eleições de outubro, além de um programa, tem nome e sobrenome: Marcelo Freixo.

Daniel Aarão Reis, O Globo, 18 de Setembro de 2012.

*Daniel Aarão Reis é professor de História Contemporânea da UFF

Há um candidato que usa o slogan “Somos um Rio”. Eu não faço parte desse Rio fictício, o Rio que quero é o Rio rebelde com participação massiva da juventude como tenho visto nos últimos meses.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

A vida gritando nos cantos


“Outro dia, uma amiga se queixou ao telefone: ‘Tenho vinte e sete anos e descobri que, até agora, tenho me alimentado de migalhas’. Falei qualquer coisa banal & consoladora, como ‘a vida é assim mesmo, paciência’ — e desliguei. Só não desliguei a cabeça: a frase ficou dias dando voltas dentro dela. Até que, não lembro bem como, de algum lugar de dentro de mim veio a resposta que não cheguei a dar à minha amiga: ‘Mas será que isso que você chama de migalhas não será, afinal, o próprio pão?’”


A vida gritando nos cantos
Caio Fernando Abreu, Editora Nova Fronteira
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Queda - As memórias de um pai em 424 passos


Diogo Mainardi nos brinda, com suas memórias em 424 passos, sem pieguices ou autopiedade o caminhar de um pai que acreditou que Tito poderia dar mais de 500 passos e quando houvesse uma queda ele estaria lá para cair junto e ajudá-lo a levantar.
Ver Tito sorrindo em todas as fases dos seus passos é um alento e um momento de reflexão.
Quantas vezes somos nós os paralisados cerebrais?

“Até aquele momento, eu sempre pensara que, se meu filho permanecesse em estado vegetativo, eu esperaria que ele morresse.
Depois do primeiro contato com Tito no corredor do claustro do hospital de Veneza, tudo se transformou. Eu só queria que ele sobrevivesse, porque eu o amaria e o acudiria de qualquer maneira.
Entre a vida e a morte, aferrei-me à vida.”

A Queda - As memórias de um pai em 424 passos
Diogo Mainardi, Editora: Record

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Me toque...


Por favor, me toque

Se sou seu bebê:
Por favor, me toque.
Preciso de seu afago de uma maneira que talvez nunca saiba.
Não se limite a me banhar, trocar minha fralda e me alimentar,
Mas me embale estreitado, beije meu rosto e acaricie meu corpo.
Seu carinho gentil, confortador, transmite segurança e amor.

Se sou sua criança:
Por favor, me toque.
Ainda que eu resista e até o rejeite,
Insista, descubra um jeito de atender minha necessidade.
Seu abraço de boa noite ajuda a adoçar meus sonhos.
Seu carinho de dia me diz o que você sente de verdade.

Se sou seu adolescente:
Por favor, me toque.
Não pense que eu, por estar quase crescido,
Já não precise saber que você ainda se importa.
Necessito de seus braços carinhosos, preciso de uma voz terna.
Quando a vida fica difícil, a criança em mim volta a precisar.

Se sou seu amigo:
Por favor, me toque.
Nada como um abraço afetuoso para eu saber que você se importa.
Um gesto de carinho quando estou deprimido me garante que sou amado,
E me reafirma que não estou só.
Seu gesto de conforto talvez seja o único que eu consiga.

Se sou seu parceiro:
Por favor, me toque.
Talvez você pense que sua paixão basta,
Mas só seus braços detêm meus temores.
Preciso de seu toque terno e confortador,
Para me lembrar de que sou amado apenas porque eu sou eu.

Se sou seu filho adulto:
Por favor, me toque.
Embora eu possa até ter minha própria família para abraçar,
Ainda preciso dos braços de mamãe e papai quando me machuco.
Como pai, a visão é diferente,
Eu os estimo mais.

Se sou seu pai idoso:
Por favor, me toque.
Do jeito que me tocaram quando era bem pequeno.
Segure minha mão, sente-se perto de mim, dê-me força,
E aqueça meu corpo cansado com sua proximidade.
Minha pele, ainda que muito enrugada, adora ser afagada.


Não tenha medo.
Apenas me toque.
Davis,  Phyllis K.  In, O Poder do Toque

E quando você se sentir como uma criança,cuide muito e acaricie bastante a criança que existe em você.