segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Marlowa e a Família Carvalho

Conheci as ilustrações da Marlowa através de uma pesquisa de imagens no Google.
Imediatamente me identifiquei com seu traço delicado e sua percepção da vida recheada de gentileza e afeto.
Fiz contato com ela solicitando usar suas ilustrações nas fotomontagens do blog.
Trocamos correspondências e encomendei um quadro que retratasse minha família.
Enviei-lhe algumas características nossas e me dei de presente de aniversário.


Sobre a autora
Marlowa Pompermayer Marin, iniciou suas atividades artísticas em Caçador (SC), sua cidade natal. Aperfeiçoou-as no Instituto de Desenho do Paraná, em Curitiba. Mas foi mesmo em Chapecó, onde teve a oportunidade de muita atuação, formando a artista que é hoje. Sua trajetória é composta de várias exposições individuais e coletivas no Brasil e também no exterior. Foi aprovada recentemente na Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

“Em meus desenhos e pinturas estão inseridos o dia-a-dia, a imensidão das pequenas coisas. Gostaria que a minha produção tivesse uma íntima relação com o encantamento de viver.
Nesta singela referência à vida, tento inscrever um pouco da pureza que cada ser carrega consigo em sua essência.
No fundo este é o meu desejo de tornar o mundo um pouco melhor: é um convite para olharmos para nós mesmos e para o “universo” que nos circunda como um presente, que Deus nos outorga, valorizando-o, compreendendo-o e desfrutando-o.”


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sobre livros, presentes e Clara...

Vocês devem dizer que sou uma mãe babona. Assumo: Sou!
Esses foram os presentes de aniversário que ganhei da Clara.
Melhor que os presentes foram as dedicatórias.
Melhor que tudo isso, é ser a mãe da Clara.

Essa história está diferente – dez contos para canções de Chico Buarque, Organização Ronaldo Bressane

Dedicatória:
Das paixões que carrego porque você me fez assim: livros e Chico.

Quis te presentear com o que cheire à nossa relação, com o que vem dos laços que se formaram em nós.

Que aqui tem o que há de você em mim em você. Diante das diferenças, esbarramos em muitas semelhanças.
E é nelas que nos fazemos inteiros para seguirmos.

Com todo o meu amor de hoje, que você não se canse de sempre ganhar livros.
Se eu pudesse, compraria uma biblioteca.
Um dia eu escrevo um e será presente.
Por enquanto, Feliz aniversário!
Te amo!
Anna Clara
06/09/2010

O amor esquece de começar, Fabrício Carpinejar

Dedicatória:
“A tristeza às vezes é
Uma alegria que nasce
Sob um acaso de um disfarce
E é isso que a vida é.”
Fernando Pessoa

Os encontros são feitos de confortos e desconfortos. Estar disposto a encontrar o outro é abrir-se ao destino, para a troca.
Nem sempre ela nos oferece o que mais desejamos, mas como aprender com o que nos surpreende para, ainda assim, fortalecer o laço?

Tenho feito o melhor de mim para que você esteja feliz. Quero que saiba que te amo muito, independentemente dos pequenos desencontros. Te amo pelas diferenças. Que assim se faça, disponível, a nossa caminhada diária.
Feliz Aniversário!
Clarinha

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Caio Fernando Abreu

Foto retirada do Google de autoria desconhecida

Tenho o maior orgulho de ser contemporânea de Caio Fernando Abreu.
Comecei a ler seus contos ainda adolescente e o encanto foi de imediato. Li todos os seus livros e o último escrito pela Paula Dip, li quase que a metade durante uma viagem para Portugal. Não conseguia parar a leitura embora o sono se fizesse presente.

Hoje, 12 de Setembro, Caio faria 62 anos.

Deixo minha saudade neste trecho de sua obra:
“(...) há pequenos agostos embutidos no entremeio dos doidos setembros.”
Caio Fernando Abreu

*Programei a postagem para o dia 12 e só hoje observei que havia colocado o ano de 2011, por isso não foi publicada no dia.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

As surpresas da vida

Vida! Independente da estação, do céu nublado ou ensolarado, deve ser diariamente celebrada. Comentário que fiz no poema “Estações e improvisos – A vida”, do poeta Evandro Guzman.
Interessante a vida.
Aniversariei 2ª feira, dia de sol e calor no Rio de Janeiro. Celebrei minha vida, em casa, com marido e filha num jantarzinho íntimo regado a afeto e carinho.
Na 3ª, recebi meus familiares e amigos para uma comemoração mais festiva. Dia nublado, temperatura amena, com chuva à noite. Tarde e noite gostosas cercada de pessoas que amo.
Quarta à noite recebo a notícia que uma tia querida estava em coma sem muitas chances de sobreviver.
Ontem passei um dia triste pensando na possibilidade de ela estar em sofrimento.
Hoje, pronta para sair, o porteiro interfona.
-Encomenda da floricultura para a senhora.
-Pode subir.

Penso com meus botões: Quem me mandou flores?
Recebo as flores com um cartãozinho carinhoso da amiga Ana Jácomo. Perfumadas como sua alma.
Já atrasada, as coloquei no jarro para arrumar quando voltasse. Feliz com o presente, mas ainda com o coração apertado pelos últimos acontecimentos.


Chego à casa e encontro, pregado na geladeira, um bilhetinho muito carinhoso da filhota que com 20 anos ainda mantém hábitos de escrever para os pais como fazia na infância.


Dia ensolarado, coração nublado, Vida celebrada.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Carta de Miguelito a Mafalda



Querida Mafalda:
Neste dia tão especial lembrei-me de teu aniversário. Como passa o tempo! Nascemos no coração de um país que sonhava. Quantas utopias! Quantos desejos de crescer, de melhorar as coisas! Coube-nos conviver com um tempo de homens criativos: Luther King, Che Guevara, João XXIII, John Kennedy; transmitiram-nos o sentido da justiça, o valor dos sentimentos, a maravilhosa aventura de pensar com a própria cabeça.
Ontem eu me perguntava por nossa amiga Libertad, aquela pequenina que um dia encontraste numa praia, não me lembro se era Santa Teresita ou Mar Del Tuyu; lembro ainda de quando a apresentaste a teus pais... Era muito viva e queimadinha pelo sol de fevereiro. Como está Libertad? É verdade que a mataram durante a ditadura? Dizem que a torturaram e seu corpo desapareceu no Rio de la Plata. Custa-me pensar que morreram seus sonhos. E se estiver viva? Estará filosofando sobre a fragilidade das coisas e o sentido de a vida?
E a Susanita? Casou-se? Terá conseguido realizar sua vocação de ser mãe?
Imagino-a vivendo em alguma cidade do interior, passeando de braços dados com o marido (um homem baixo e calvo) em uma tarde de verão, contente com seus filhos e cuidando do primeiro neto, realizada como tantas mulheres comuns ...
Soubeste da morte de Manolito? Pois é, perdeu suas economias durante o "corralito", foi à falência e não suportou: teve enfarte fulminante. Os últimos dias o viram cabisbaixo, murmurando palavras incoerentes, abandonado como um mendigo numa estação de metrô, triste e abatido, como muitos outros.
Fui informado de que Felipe vive em La Habana, que tentou fazer cinema, que tem um táxi e que fala aos turistas de Fidel e da revolução com o mesmo entusiasmo de quando vivia em Buenos Aires...
Falei com Guille, teu irmão, durante uma apresentação dele, há pouco tempo, no Scala de Milão. Contou-me que vive em Genebra, nunca se arrepende de haver emigrado nos últimos anos de Alfonsin, e que é feliz com sua nova esposa.
E tu, querida amiga, como estás?
Fazia tanto tempo que não tinha notícias tuas... Sei, através de amigos, que segues ouvindo rádio, que lês jornais de todo o mundo, que o Iraque te angustia como te angustiava o Vietnam, sei que trabalhas para a FAO pelos povos famintos, que estas indignada pela prepotência de Bush, etc. Recebi teu pedido para juntar medicamentos para os Médicos sem Fronteiras, sei que prosseguem as reuniões em tua casa em Paris, que estás confusa, inquieta e preocupada pelo futuro do mundo... Enfim, Mafalda, sei o suficiente para alegrar-me porque estás viva, viva na alma, e criança como sempre.
De minha parte prossigo escrevendo, reclamando falta de tempo; acreditando, como sempre, no valor da sinceridade, perdendo oportunidades por manifestar minhas idéias. Alguns dias fico triste e deprimido, mas é sempre mais forte a alegria que a tristeza... O mundo não melhorou muito desde a época em que vivíamos juntos em nossa pátria.
Às vezes, quando miro o globo terrestre, encontro o teu olhar, e penso em todos aqueles que o miram como tu, nos olhos dos que protestam, dos que não se conformam, e dos que vivem na atmosfera do otimismo e da justiça..
Esses olhos, junto aos meus, te desejam bons dias, querida amiga, por outros quarenta anos tão intensos e jovens como os que viveste.
Um grande beijo de teu amigo que te ama como sempre.
Miguelito.

Autoria desconhecida, tradução de José Dervil

Recebi do amigo Max, por e-mail, e não consegui ficar imune a emoção de ler tanta verdade acomopanhada de muita ternura.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sobre viagens e livros II


Sempre que alguém viaja para Portugal minha encomenda é sempre a mesma: livros.


Embora já tenha lido muita coisa de Inês Pedrosa, dessa vez pedi três livros e chegou de quebra “Nas tuas mãos”, nova edição com a capa bem mais bonita que a anterior.


“(...) A minha amizade por ti tem agora mais dedos, mais carícias – encontro nas rugas do meu coração seco restos de rímel, restos do pó-de-arroz que trocávamos, na casa de banho dos bares e dos cinemas, para esconder as lágrimas e fazer de valentes, na década em que ainda demasiado inocentes para podermos ser corajosas.” Inês Pedrosa, In: Carta a uma amiga (Fotografias de Maria Irene Crespo)


“(...) O amor dos amigos entra por todas as moradas, sem pedir licença ao tempo, e dorme em qualquer canto para acudir fora de hora às emergências imperceptíveis.” Inês Pedrosa, In: Carta a uma amiga (Fotografias de Maria Irene Crespo)


“Não há entendimento para o sofrimento do outro - só essa distância paternalista a que, nos casos dos felizes, se chama compaixão.” Inês Pedrosa, In: Fazes-me falta.


“Desta vez, esqueci-me dos meus princípios. Fotografei com paixão, cor, libertinagem, imprudência. Fiz grandes planos de rostos desmantelados no público, aplausos e lágrimas. Usei exposições intermináveis. Usei tudo aquilo que normalmente considero “truques baixos”, a as máquinas que habitualmente me servem para fugir à vida devolveram-me imagens de dança onde se inscreve a verdade do sonho da minha vida.”  Inês Pedrosa, In: Nas tuas mãos


“A maior ambição dela era conseguir ultrapassar a precariedade das relações. Parecia-lhe absurdo deixar de amar as pessoas que tinha amado, não suportava a idéia de que a vida se resumisse a uma coleção de recordações sem eco. Escalava as escarpas da história numa ânsia de escapar à rarefeita atmosfera do presente. Queria aprender o segredo da continuidade. Mas não havia segredo nenhum; a permanência não era mais do que uma tempestade de rupturas e repetições.” Inês Pedrosa, In: Do grande e do pequeno amor, Um romance fotográfico. Fotografias de Jorge Colombo


“(...) Talvez o riso seja mais contagioso do que a dor. Talvez. Mas, por agora, dou as mãos à memória da tua voz para regressar a casa, dançando do passeio para o asfalto as canções de Nova Iorque que tu cantavas por cima da minha voz, quando eu te ralhava. Por agora, danço entre os arranha-céus até que eles se diluam, danço como se tu pudesses renascer da água dos meus olhos, inundada de luz.” Inês Pedrosa, In: Fica comigo esta noite