quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fantasmas da cidade


 
 Foto: Leo Pereira

Quando a cidade se esvazia
Das gentes que a alimentam e fazem crescer
Um exército de gente despojada, deserdada
Sai dos esconderijos diurnos
E deambula nas ruas desertas da cidade.
Os olhos acesos das lojas
Iluminam os olhos apagados dos fantasmas da cidade.
Putas baratas esperam clientes baratos.
Clandestinos, emigrantes do país e da vida
Procuram nas sobras dos outros
Os restos para sobreviver.
Corpos que fazem da droga e do álcool
Refugio e paraíso ziguezagueiam,
Cruzam-se,
Nas ruas da cidade.
Os passos das gentes fantasmas
Não ecoam na calçada
As suas vozes não se elevam.
São o lado oculto da noite
Vidas clandestinas
A face perversa da cidade.
Não ouves dentro de ti
As vozes dos fantasmas da cidade?
Encandescente

sábado, 26 de maio de 2012

Joanna Marcenal - 2 anos de setença de morte


Hoje, 26 de Maio, dois anos que Joanna Marcenal foi retirada do convívio de sua mãe para ser entregue somente um corpo torturado e sem vida.

Transcrevo o GRITO DE SOCORRO dessa mãe que há dois anos sofre e busca por JUSTIÇA.


Hoje, 26 de maio, faz 2 anos que entreguei minha filha por ORDEM JUDICIAL à guarda do próprio assassino, seu pai torturador confesso.

As suas vidas continuam e seus projetos idem. Juíza e psicólogas responsáveis pela inversão da guarda, ainda que provisória, trafegam livre por suas vidas sem sentido, creio eu, exceção se o objetivo era mesmo dar fim à vida da Joanna.

O pai e madrasta zombam de nós ao continuar livres e impunes na condição de guardiões de crianças  mesmo tendo dado, sob tortura continuada, morte à própria filha.  Mastigaram a cria como fazem animais odiosos famintos de raiva, ódio, ciúme, desprezo e horror.

Hoje imagino, como médica que sou, e não posso deixar minha essência, que nem corpo mais há naquele esquife. Na sepultura apenas grama cobre o túmulo e alguns cataventos e cartazes com desenhos feitos e deixados por crianças vez por outra. Acabou-se até o corpo.

Dilacerada em vida minha filhinha lutou por 26 dias para denunciar sua saga de destruição em vida. Era valente! Sabia que Deus não dormia. Pedia-me que orasse quando os irmãos ficavam doente. Ia à escola cantando; ”te amo, mãe, você é da hora, mas é que agora tá na hora de ir pra escola.”

Amava a bicicleta que já estava sem rodinhas. Sabia ler e escrever. Andava na ponta do pé como bailarina. Nunca dizia não aos irmãos. Era doce, amável e confiante. Consolou-me antes de partir e deixou-me uma missão: Cuidar de seus irmãos.

Quem cuidará dela?

Porque tanta demora em fazer Justiça?

Por quais pessoas se faz Justiça nesta Terra?

Eu te amarei minha filhinha por toda vida.

“Agora pois permanecem estes três : A fé , a esperança e o amor, mas o maior destes é o amor”.

Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz

Mais detalhes sobre o Caso Joanna MarcenaL:

Caso Joanna Marcenal I – ALERJ - Depoimento Cristiane Marcenal


Caso Joanna Marcenal II – ALERJ - Depoimento Cristiane Marcenal


Caso Joanna Marcenal III – ALERJ - Depoimento Cristiane Marcenal

Torturar pode? – Deputada Cidinha Campos


Caso Joanna Marcenal


Obs: O processo encontra-se PARADO desde Outubro.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

As autorias trocadas.....



Há algo que me incomoda nas redes sociais e nos blogs são as postagens com autoria incorretas ou simplesmente quando se suprime o nome do autor e escrevem como se fossem de sua autoria.
Baseada em uma foto que a amiga Liss me enviou, ofereço a minha contribuição.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Dicionovário



Tenho muita dificuldade para doar livros. Precisando de espaço, seleciono livros antigos, mas quando vou embalar para doação alguns voltam para seu lugar de origem.
Dez em Humor me acompanha desde a adolescência quando começou minha admiração pelo Millôr Fernandes, meu guru.
Semana passada percorri suas páginas selecionando essa grande sacada: DICIONOVÁRIO.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Igualdade Já!


Alô bacharéis e “bacharelas”,

Vamos iniciar uma campanha para que nossa polícia apure os crimes pendentes com a mesma rapidez que descobriu e prendeu os hackers daquela atriz global. #naoaquentomaisnoticiasosbreoassunto

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Golden Cross/Golden Med e sua propaganda enganosa


O péssimo atendimento da Golden Cross/Golden Med

Solicitei um atendimento a Golden Med às 20.50h para minha filha, com quadro de enxaqueca,  sendo informada pela atendente que deveria aguardar o retorno da médica. Como até às 21.22h o retorno não tinha sido dado telefonei novamente e a informação recebida foi que a médica estava atendendo outro paciente com quadro de cardiopatia. (Então se atende paciente pelo telefone?).
Somente às 21.34h recebi telefonema da médica para saber quais os sintomas e os remédios que haviam sido ministrados.
Pago um plano com direito a atendimento de emergência domiciliar para ouvir que o remédio ministrado pela manhã eu teria que repetir 8 horas depois. Argumentei que não entupiria minha filha de remédios sem saber o diagnóstico.
Resposta da DOUTORA: Dê outro comprimento e após uma hora se a dor não passar eu posso liberar o atendimento na sua residência.

Eis o que consta no site da Golden Cross:
“A Golden Cross coloca, opcionalmente, à sua disposição um excelente serviço de atendimento médico domiciliar de urgência e emergência 24 horas.”

Se isso é considerado excelente serviço não sei qual o critério adotado.
Excelente é o valor que eu pago.

domingo, 13 de maio de 2012

Dia das Mães


Dia das Mães
Sabemos do sentido comercial deste dia, porém se a nossa preocupação não estiver focada em dar presente e sim em ser presente todo dia é o dia das mães.

Hoje, se eu fosse uma menina, perguntaria à minha mãe.
"Mãe, o que é a alegria?"
E ela me responderia: "A alegria não é senão o desabrochar do amor. Do amor desinteressado. Desinteressado como o amor de mãe. E é por isso que mãe é feliz. Quanto mais desinteressado é o amor, mais a alegria é total.”
“Ah, menina, o que mais queres saber?”
 "Mãe por que tanta alegria se trabalhas tanto, se sofres tanto?"
"Minha filha, a alegria não suprime o esforço, ela o estimula. A alegria não suprime o sofrimento, ela o transfigura."
*Trecho de um texto escrito há muitos anos para minha mãe.

sábado, 12 de maio de 2012

A falta de amor...


Imagem: Botero, Massacre na Colômbia

“Alguém, seu pai ou o meu, deveria ter dito que não foram muitas as pessoas que morreram de amor, mas multidões inteiras morreram e estão morrendo a toda hora e nos lugares mais estranhos, por falta de amor”.
James Baldwin

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A leitura do mundo....


Ilustração Marina Seoane

É preciso entender que os meninos estão deixando de ler os livros porque estão deixando de ler o mundo, de ser capaz de ler os outros, de ler a vida.
Estão perdendo a disponibilidade de estar aberto aos demais, estar atentos às vozes, saber escutar. Há toda uma pedagogia que é preciso ser feita no conjunto.
Não se pode isolar o livro e torná-lo como se fosse bandeira única desta luta.
Uma coisa que aprendo na África é esta habilidade de se contar histórias
e fazer com que o livro seja uma maneira de estimular, que os meninos não sejam só consumidores de história, mas também produtores de história.
Quem não sabe contar uma história é pobre de alguma maneira.
Mia Couto

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Desembarga-Dor


Há algum tempo venho questionando determinadas decisões judiciais, que me fazem desesperançosa  na imparcialidade da justiça.

Através de um amigo conheci alguns artigos do Professor João Baptista Herkenhoff, magistrado aposentado, escritor, autor de 39 livros que relata sua vivência jurídica com os olhos da ética, da generosidade e da solidariedade. Acendeu em mim a esperança de um novo tempo.

Há alguns meses  recebi por e-mail a decisão de um desembargador que me deixou orgulhosa de ser contemporânea do Dr. José Luiz Palma Bisson.

Com referência ao caso em questão deixo para reflexão um pensamento de Anatole France: “Os seres humanos estão sempre se matando por causa da palavra, ao passo que, se tivessem compreendido o que elas queriam dizer, ter-se-iam abraçado uns aos outros”.

Regina Coeli Carvalho
s.d

Desembargador do TJ/SP dá verdadeira aula de humanismo

Abaixo, a decisão do desembargador José Luiz Palma Bisson, do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferida num recurso de agravo de instrumento ajuizado contra despacho de um magistrado da cidade de Marília (SP), que negou os benefícios da justiça gratuita a um menor, filho de um marceneiro que morreu depois de atropelado por uma motocicleta.

O menor ajuizou uma ação de indenização contra o causador do acidente pedindo pensão de um salário-mínimo, mais danos morais decorrentes do falecimento do pai. Por não ter condições financeiras para pagar custas do processo, o menor pediu a gratuidade prevista na Lei 1060/50. O juiz, porém, negou-lhe o direito, argumentando que ele não apresentara prova de pobreza e, também, por estar representado no processo por "advogado particular".
Eis o relatório de desembargador:
"Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro - ou sem ele , com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna.
Aquela para mim maior, aliás, pelo meu pai - por Deus ainda vivente e trabalhador - legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em pau-brasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido. É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro - que nem existe mais - num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina.
Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é.
O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante.
Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres.
Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia d?água, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou.
Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos?
Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir.
Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal.
É como marceneiro que voto.
José Luiz Palma Bisson - relator sorteado"
Fonte: http://www.oab-rj.org.br/index.jsp?conteudo=15197