domingo, 26 de abril de 2009

Oficina de Poesia

Foto: Anna Clara Carvalho

Transcrevo abaixo as palavras do Diretor do CPRJ e da Coordenadora da Oficina da Palavra na apresentação do livro de poesias escrito em conjunto no processo de criação com grupo de pacientes em experiências com as palavras.


Fazendo junto

(...)Hoje iremos nos reunir em torno da Poesia (Ser poeta é se viver) e do Vídeo (Documentário) ao mesmo tempo que apresentamos nossos primeiros passos no Teatro.

É o momento da palavra – escrita e falada, da afirmação de um projeto que se fundamenta em essência pelo “fazer junto”.

Compartilhar experiências, dores, alegrias, trabalho e criação promove afetos e alianças, aproximando, a princípio, os que tem afinidades. A convivência traz descobertas: pessoas com objetivos e estilos de vida diversos percebem a riqueza da interação com o Outro diferente dele.

Conviver, compartilhar, construir, criar: inevitável seqüência. A convivência abre portas e desvenda caminhos nunca sonhados. Trilha-los “junto” e “com” é o compartilhar, trazendo novas soluções e encaminhamentos.


"Se os seus sonhos estiverem nas nuvens,

não se preocupe,

pois eles estão no lugar certo.

Agora construa os alicerces."

Shakespeare


Alexandre Lins Keusen

Diretor do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro


O sentido das palavras

Na arte existe a possibilidade de simbolização e o artista passa de criatura a criador. Na verdade, todos somos autores de nossas histórias, só não temos é completa consciência disso. O escritor é o artista que dá o testemunho de que os dramas e romances todos reais ou imaginários, têm o mesmo valor de verdade, pois são nossas construções. Tudo é uma ficção: o sonho ou a realidade são, na verdade, versões múltiplas de um mesmo fato.

(...)

No processo de criação de um poeta está presente tanto a associação de idéias quanto a associação de imagens, há possibilidade de se reinventar vocábulos. Pode-se aproveitar as palavras ao máximo buscando fazer, inclusive, com que digam mais do que efetivamente podem, como no uso das metáforas.

É esse o valor da palavra, que busca expressar a experiência que os seres humanos têm da vida, da sua época, de si próprios, e o que daí advém: seus afetos e suas idéias, ligados pela imaginação e pelo senso estético.

Na Oficina de Poesia do CPRJ dissemos palavras ao acaso. Ouvimos seus sons, fizemos rimas, trabalhamos o ritmo. Sintonizados em uma mesma freqüência, juntos descobrimos que a poesia que havia em cada um de nós, e no grupo, podia ser expressa em versos. E escrevemos poemas em grupo.

Sonia Lanzillotte

Coordenadora da Oficina da Palavra


Alguns poemas:

O carinho é azul

O amor matutino transforma

amor matinal em maternal

Felicidade transparente

mexe com a gente

O azul do carinho transforma

amizade em paz

O amor lunático traz a coragem

porque o lunático pensa essas coisas

A dança do otimismo suprime a carência

a corrente influência restaura a felicidade

amiga sempre da grandeza

(produção coletiva)


Amor e Carinho dos pássaros

Eu tenho amor e carinho

pelo meu pássaro

a virtude boa

em nosso coração

ninho, carinho, felicidade

moinho de eternidade

paixão

ele não voa

em vão.

(produção coletiva)


Poema 6

(Haicai)

Ei, o meu sapato!

Ó, que pisante...

Como é duro ser andante.

(Antonio Carlos Dias)


Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro

Praça Cel Assunção, s/n

Gamboa – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2516-5504




quinta-feira, 23 de abril de 2009

Movimento Natureza

Ontem foi o dia da Blogagem Coletiva “Movimento Natureza” proposto pela Geórgia do blog Saia Justa e pela Beth do blog Mãe Gaia.

Já desculpei-me com a Georgia por não ter podido participado como havia comprometido-me.

Compromissos profissionais impediram-me de desenvolver o projeto que havia planejado.

Para não ficar de todo em falta deixo a história do Pneu Chorão, livrinho que havia enviado para a Geórgia e que segundo ela inspirou o projeto.


Pneu chorão

Autor(a): Sandra Aymone

Tema: Meio ambiente

Asunto: Reciclagem e conscientização ambiental

Descrição: Pneu usado pode ser reutilizado? Os lixos recicláveis comovem-se com o Pneu Chorão e descobrem juntos que pneu pode ser reutilizado, sim.

Download do Livro :


Este livro assim como outros são editados pela Fundação Educar DPaschoal que tem vários projetos de sustentabilidade, auxiliando professores com doações de livros para trabalhos junto aos alunos.

Vale a pena conferir o trabalho e tornar-se um voluntário.

“Ser voluntário é colocar o coração no querer, inteligência no prever e dedicação no fazer.”

terça-feira, 21 de abril de 2009

Hoje Caio fala por mim

Arte do amigo Paschoal Ambrosio, criador do “Com o grilo na cuca” lá pelos anos 80. Saudade de você!


"Não me mande coisas assim raivosas. Eu não tenho anticorpos para esse tipo de coisa." Caio Fernando Abreu


"Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada." Caio Fernando Abreu, In Morangos mofados


“Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto.” Caio Fernando Abreu



segunda-feira, 20 de abril de 2009

Estou lendo!!!!

domingo, 19 de abril de 2009

Pensamentos engessados e preconceitos...

Esta semana a novela “Caminho das Índias” apresentou o “Harmonia Enlouquece” grupo formado por usuários de saúde mental, psicólogo, médico e técnicos do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro.

Mais um exemplo de que preconceitos devem ser repensados e idéias precisam ser recicladas.

Quando em 2006 levei pela 1ª vez meus alunos do Curso de Formação de Professores para assistirem seus ensaios ouvi piadinhas de colegas professores que não entendiam a relação da visita com o curso. Hoje estão todos admirando o trabalho do grupo.

“Desvencilhar-se de pensamentos engessados e preconceitos faz parte do processo de libertação” Lucia Facco


Susan Boyle


Susan Boyle on Britain's Got Talent

Acho que todos nós vamos nos identificar com Susan em algum momento.
Por quê?

Porque ela realiza a "grande virada" do ser humano, do herói que se prova, em segundos.

Ao entrar no palco, ela é uma derrotada. 47 anos, feia, gorduchinha. A fera da bela. O pato feio. O júri faz caras. A platéia, torce o nariz. Todos a desprezam e estão contra ela.

Ela diz que quer ser cantora profissional e quer ser como Helen Elaine Page. Ela canta "I dream the dream" from Les Misérables.

E a canção começa.

E ao abrir a boca os anjos começam a sair de sua garganta, aos milhares, e enchem o salão com sua música celestial. E a feiura de Susan derrete no ar diante de nossos olhos. Temos vontade de ajoelhar, de pedir perdão pelo julgamento precipitado, como o júri faz em seguida.

A emoção é forte, porque há uma Susan dentro de nós, querendo provar sua beleza invisível.
Eu sou assim e por isso estou aqui, chorando de camisola, como uma boba.
Acho que todos somos, até as pessoas mais bonitas e incompreendidas.

A luta é essa, a de achar uma oportunidade de soltar e mostrar o que de bom nós temos.

Agora vai lá, pegue o lencinho e assista.

Som na caixa e bom espetáculo. Um tapa na cara desse mundo que nos julga pela aparência.

Rosana Hermann, daqui


Versão legendada : http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo



segunda-feira, 13 de abril de 2009

A menor distância entre dois pontos não é uma reta...é um sonho

Sonhar enquanto lemos livros, desde criancinha, é algo bem corriqueiro. Fazer com que livros transformem a realidade, no entanto, não é pra qualquer um.

A vida me deu a oportunidade de conhecer Aldo e, naturalmente, de admirá-lo.

Deixo como mensagem a crônica em que meu amigo narra como conseguiu comprar uma casa a partir da venda de livros e de muita ajuda amiga.

O projeto que já fez alguém muito feliz, hoje permite que livros usados sejam solidários a dor alheia.

Reciclagem Fina

Há dois anos, tive uma dessas idéias que nascem dentro da gente como rodamoinhos de agosto. Do nada, começam a girar. Como se dançassem apoiados em uma perna, vão girando em torno de um ponto, cada vez mais rápido, arrastando para sua rotação tudo que está em volta.

A idéia era comprar uma casa para um rapaz que vende livros usados na rua, revendendo os livros. A resposta foi tão rápida que, em seis meses, a família do Jorge estava na casa nova. Muitos amigos participaram, comprando, incentivando, doando livros e dinheiro.

Casa do Jorge

Pensei que a compra da casa esgotaria o trabalho com os livros. Que o vento se dissiparia, transformado na felicidade de saber que, como diz a nova esperança e ousadia dos americanos - "sim, nós podemos". Juntos, podemos muito. Mesmo que "juntos" identifique apenas um grupo de pessoas com um objetivo comum.

O que não imaginava era que o fim do projeto - a compra da casa - se configurava em um novo portal. Que o meio para chegar lá é que era a grande descoberta. Que se abria uma possibilidade real de dedicar parte do meu tempo a uma reciclagem fina.

Posso juntar papel, plástico, vidros... e encaminhá-los para reciclagem. É a primeira e mais simples atitude de quem quer continuar o mais tempo possível neste planeta (não falo enquanto indivíduo, mas enquanto espécie). Mas, descobri que posso dedicar parte de meu tempo e transformar livros usados em casas, em doações, em qualquer coisa digna. Desde que minha pretensão seja do tamanho de minhas possibilidades, da motivação que me traz a possibilidade de olhar para o nós em vez de ver o meu umbigo como centro da vida.

A decoração bonitinha que imaginava ter no apartamento onde moro, quando da mudança, foi substituído por um acervo de livros que me tomou todos os espaços disponíveis. Não há caos, não há amontoados, mas não há lugar para projetos que não levem em conta os mais de 2.000 livros atualmente existentes, que me olham com uma cumplicidade reconfortante.

Hoje, não faria um novo projeto do tamanho que foi o de comprar a casa do Jorge, porque exige um esforço, dedicação, disposição para ficar o tempo todo na cola dos amigos. E não fazer mais nada além de catalogar, organizar, limpar...

Também não doaria totalmente o produto das vendas, porque mantê-las tem um custo.

No entanto, há sempre um pequeno projeto ou instituição necessitando de uma força, de um empurrãozinho na hora que a torneira das contribuições mingua. Ou mesmo uma pessoa que precisa de um abraço.

Na última enchente em Santa Catarina, a Marília, que participou comprando, doando livros, divulgando o projeto primeiro, mandou uma mensagem sobre uma comunidade de Itajaí que estava literalmente afogada. Claro que, além de uma doação, divulguei para os meus amigos o pedido. E muitos responderam com o coração, ampliando a solidariedade.

Edna - Uma mulher especial

Nos últimos dias, uma amiga que mora no interior de São Paulo, a Edna, que também participou do projeto da casa do Jorge, me contou que a filha de 20 anos está precisando, urgentemente, de uma bateria de exames médicos, para tentar descobrir a causa e a cura de uma doença que provoca desmaios com freqüência. Uma das consequências é que a imprevisibilidade e constância dos desmaios impedem a garota de trabalhar. Ninguém emprega ou a mantém em qualquer emprego depois de algum tempo.

A Edna é a solidariedade no seu sentido mais puro e permanente. Está sempre lutando contra um turbilhão de problemas e, mesmo assim, tem sempre uma palavra, um carinho, uma ajuda efetiva para algum vizinho ou mesmo um casal de passarinhos que se aninha nas árvores de sua casa. É sempre um porto seguro, apesar das provações da vida e, entre uma crise e outra, pinta belíssimos quadros.

Apesar de uma vida de dificuldades, que lhe mina as economias, a Edna se mantém firme no comando do navio de sua vida, vencendo as tempestades com a firmeza e o sorriso de quem acredita que neste planeta estamos mesmo de passagem. Os tantos "nãos" que recebe são reciclados na oficina amorosa que ela teceu ao longo dos anos, inspirada nos seus mestres espirituais, e transformados em SIM, sempre que alguém precisa de seus cuidados. Sem dinheiro para ajudar às vítimas de Santa Catarina afogada, ela se prontificava a recolher e levar as doações dos vizinhos para os postos de recolhimento.

Seu exemplo e firmeza me servem de estímulo e fé. Então, resolvi dedicar a venda dos livros para conseguir os R$ 800,00 necessários para os exames da filha.

Não vou falar com nenhum amigo, em especial, dos livros que tenho na minha "livraria", agora permanente. Não vou pedir que comprem qualquer coisa. Cada um descobre seus próprios caminhos. Cada um se alimenta de suas próprias crenças. Minha intenção é dizer-lhes que o projeto continua e que, se algum livro lhes interessar, se preferirem adquiri-lo comigo invés de comprar num sebo qualquer, o porto está aberto, os livros expostos, as listas (mesmo que sempre bastante desatualizadas pelo fluxo de livros que entra e sai) continuam à disposição. Tenho vendido também através do site www.estantevirtual.com.br., que é uma revolucionaria forma de democratizar a leitura e circulação de livros. Vale a pena conhecer.

Para ver os livros que mantenho à venda no site, basta colocar no google: Aldemisio ou ir direto para o link

http://www.estantevirtual.com.br/acervos/aacorde. Eles remetem para o site, já aberto no acervo. No site, vendo no máximo, 200 livros. Em casa, todo um acervo constantemente ampliado. Aos interessados, enviarei as listas divididas por estante.

Ainda ecoa na minha mente a frase dos americanos: "sim, nós podemos." Tomara que eles e todos nós coloquemos em prática esta crença, transformando-a em caminhos para a libertação dos nós que nos mantém com a sensação de impotência e de descrença e para a conquista da felicidade possível, através da solidariedade e do amor, a cada momento.

Aldo Cordeiro

“Tenho amigos tão bonitos. Ninguém suspeita, mas sou uma pessoa muito rica.” Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pessach - a travessia



Em 14 de novembro de 1960, há pouco mais de 49 anos, Ruby Bridges, uma menina de seis anos de idade, foi levada à escola em Nova Orleans, EUA, por uma escolta de policiais federais.


A menininha foi pesadamente insultada e ameaçada de morte por uma multidão enfurecida. Assistiu às aulas sozinha: as demais crianças foram mantidas em casa pelos pais.

Ruby Bridges era negra - esse era seu crime.


Em 5 de janeiro de 2009, uma menina negra de sete anos de idade, Sasha, foi levada à escola por sua mãe, Michele. Agentes do Serviço Secreto a escoltaram, mas apenas por um motivo: seu pai, Barack Obama, era o novo presidente dos Estados Unidos.


O Pessach é uma festa judaica, que comemora a travessia da escravidão no Egito para a liberdade na Terra Prometida.


O Pessach é a festa que comemora a travessia da saga de Ruby Bridges para a saga de Sacha Obama.



O Pessach será, um dia, a festa de toda a humanidade.



Texto baseado numa mensagem do rabino Marcelo Rittner, extraordinário líder espiritual, grande figura humana.

Fonte: aqui



quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nota de Falecimento

Cultivo, desde minha adolescência, o hábito de grifar e/ou recortar algo interessante quando leio.

Fiz este mural na escola em 2005. O efeito visual junto com o texto ficou muito legal. Infelizmente não fotografei. O texto eu adaptei de um anúncio fúnebre em um dia de finados. Como é muito antigo, não lembro a fonte. Continua bastante atual.

***Postado na TransformAção em 01/03/2008