(...)
Nós Humanos somos Seres do
Desejo.
Um ser que pensa, indaga,
estuda, descobre e cria,
Ama, sente alegria. Desama, e a tristeza.
Empreende, resolve, prevê e
planeja.
Tudo isso porque deseja
incessantemente mais e mais a
cada dia
Amando-nos ou não,
transformamo-nos uns aos
outros.
E esses quereres nos
transformam
enquanto transformamos o
mundo.
Porém, o quanto somos
imperfeitos!
E, em nossos microuniversos
assolados por demônios
escondidos,
desejos errôneos, errantes,
vacilantes ou interditos
são atores em um palco de
sofrimentos e infindáveis
conflitos.
A quem interessam esses
conflitos?
Ao Psicólogo, certamente.
Aquele que irá se debruçar
sobre a mente,
consciência e inconsciente,
ou como queiram chamar a
subjetividade.
E que buscará entender
comportamentos do grupo
e condicionamentos do indivíduo,
o que este pensa, percebe e
sente
o manifesto, o latente,
o desenvolvimento, o sentido
da sua dinâmica subjacente.
Aquele cujo desejo é atenuar
a própria narcísea ferida
no espelhar dos desejos do
outro para este outro.
Lhe oferecendo agulha e
linha,
auxiliando-o a melhor
alinhavar sua vida.
Lhe oferecendo a tesoura se
preciso, e desfazendo nós.
Lhe mostrando pontos cegos e
pontos de integração
entre soma e psique, afeto e
razão,
parte anima e a outra parte,
numa prática rara onde
ciência encontra arte.
Tesoura, agulha e linha são
ferramentas
desse curioso
cientista-artesão.
Porém, psicólogo, saiba que
não é sua a composição.
O tecido não é você quem
tece.
Por vezes, duro como couro
queimado
por outras, delicado,
é algo que desconhece,
e só se revela na relação.
Seja, assim, Psicólogo
com a humildade de saber que
seu saber é limitado
e nunca imponha ao outro seu
próprio tecido remendado.
Seja psicólogo
na eterna busca de novos
conhecimentos, abordagens e visões,
mas saiba-o bem que, em
certos momentos,
será guiado por insights súbitos, valiosas intuições
e mãos invisíveis...
Seja psicólogo,
com senso de responsabilidade
profissional,
e a compreensão crítica da
política e ecologia social.
Presta assistência a indivíduos,
organizações e comunidade.
Sana pouco a pouco suas
doenças,
promove seu bem-estar e
felicidade
de forma íntegra e exemplar,
com ética e dignidade.
Enfim, seja Psicólogo
transformando a si e ao
mundo,
sempre fazendo valer o nobre
desejo
de ajudar o outro a tecer
um outro criativo, vivo, maduro
de seu tecido infinito...”
(...)
Leonel Tractenberg, trechos da poesia (Trans)formar-se
Psicólogo, discurso de formatura da turma de Psicologia da UFRJ de 1997. Jornal
Argumento, Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Junho,1998.
Começaria tudo outra vez se tivesse que escolher uma
profissão. Foi através da psicologia que cresci, através do contato com
pessoas, com suas dores e que através de nossas trocas deixaram aflorar seus
sentimentos. Aplicar a ciência sem perder de vista o olhar poético sobre o ser
humano e a nossa responsabilidade no crescimento e na ciranda da vida do outro.
Complementando com um pensamento de Jung que adotei para
minha vida profissional:
"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas quando tocar em
uma alma humana seja apenas outra alma humana." Carl Gustav Jung