domingo, 29 de agosto de 2010

Você sabia? Largo do Machado








  Fotos: Regina Coeli Carvalho



A VOZ DO POVO – MEMÓRIA DO RIO EM DITOS – O objetivo da mostra coletiva é proporcionar um diálogo entre o povo, o espaço urbano, seus patrimônios e memórias por meio de instalações e intervenções. Tudo isso com a irreverência dos ditados populares, que anunciam curiosas memórias da cidade e nosso patrimônio, no intuito de popularizar esse rico conteúdo. A exposição é a céu aberto, com instalações montadas pela cidade do Rio de Janeiro, em um circuito que se inicia no Largo do Machado e passa pelo Catete, Glória, Lapa, culminando no Centro da cidade, com instalações na Cinelândia e Praça XV. Largo do Machado, Catete (Museu da República), Glória (Rua da Glória e Praça Paris), Lapa (Ruas Riachuelo e Lavradio), Cinelândia e Praça XV. Grátis. Até 17 de setembro.
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/leiajb/2010/08/27/revista_programa/exposicoes.asp

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dia do Psicólogo

27 de Agosto – Dia do Psicólogo

Peço licença à autora do texto para posta-lo aqui,
É um texto que explica a nossa profissão, sem perder de vista o olhar poético sobre o ser humano e a nossa responsabilidade no crescimento e na ciranda da vida do outro.
Começaria tudo outra vez se tivesse que escolher uma profissão. Foi através da psicologia que cresci, através do contato com pessoas, com suas dores e que através de nossas trocas deixaram aflorar seus sentimentos.
Complementando com um pensamento de Jung que adotei para minha vida profissional:
"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas quando tocar em uma alma humana seja apenas outra alma humana." Carl Gustav Jung


Trechos de Ser terapeuta: falando de amores e dores, Jean Clark Juliano, In A arte de restaurar histórias.

“(...) Para dar conta dessa profissão só mesmo sendo inquieta e muito sensível. É justamente essa inquietude que nos move. A sensibilidade nos faz diminuir o passo e escutar com atenção...
(...) Um dos privilégios é ter a licença, a possibilidade de se estar em um nível muito alto de intimidade com uma outra pessoa. Permanecer junto dela até que encontre seu trilho. E ver que existe um caminho, singular para cada um. E torcer por ela, irradiando energia, nos colocando nos bastidores, enquanto a pessoa está fazendo o seu trabalho. E, se tivermos a paciência necessária de esperar, podemos ver e constatar, muitas e muitas vezes, que a mágica funciona!
(...) Quanto à maioria daqueles que cruzam nossa vida, podemos mesmo caminhar junto com eles até que encontrem seu trilho, quando então ganham velocidade. Nesse momento, ficamos no umbral de sua vivência, podemos chegar perto, mas quem transpõe aquele portão é ele. Sozinho.... por mais que queiramos ir junto...
(...) Temos sempre a dupla tarefa de, estando alertas para o que se passa em nós, ao mesmo tempo nos estendermos até aquele que está conosco. Sem que nos percamos. Mas sempre a serviço do Outro.
(...) E, depois de tudo, desse longo trabalho de alfabetização, o passo a passo, toda a longa caminhada, quando atingimos o ponto de diálogo, da maturidade, é hora de encerrar o processo!
Para novamente abrir espaço e receber uma outra pessoa, começando do começo, e assim vamos... Nessa ciranda eterna...
Coisa estranha essa profissão. Cheia de sabores. Cheia das possibilidades. Cheia de possíveis disfarces. Condenada à solidão pessoal pela proximidade com a alma alheia. Abençoada em alguns encontros... E o que nos mantém nesse percurso? Será a onipotência, a loucura, a teimosia?
A fé, acho....”

Registro meu respeito para os colegas psicólogos por quem nutro um carinho especial: Ana Campelo, Cidinha,, Cirleide, Jussara,, Mauricio Carneiro, Ney Gonçalves, Nisha Novaes, Rita Martins, Rosangela Baruffaldi, Sergio Affonso, Verinha,

Publicado no Recanto das Letras em 27/08/2010
Código do texto: T2461797

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dr. Formol

Ontem fui ao lançamento do livro do médico patologista e poeta Antonio Gutman.
Leitura imperdível!



Dr. Formol – poesia e crônicas intercaladas com algumas frases, observações, sátiras, todas baseadas em fatos reais.
Edição do Autor, 2010.
Contato: antoniogutman@hotmail.com

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Claire Feliz Regina

Quando estive em São Paulo fui convidada pelo amigo poeta do #Versificados, André Al. Braga, a assistir ao Sarau da Casa das Rosas. Lá conheci uma senhorinha, jovial, poetisa, alegre e embora com a filha hospitalizada compareceu ao evento por ter se comprometido anteriormente.
Ao final fui cumprimentá-la e abraça-la contagiada com a alegria que ela apresentou sua poesia.

A estrada da vida

A cidade onde eu nasci
As ruas por onde andei
Os lugares que eu conheci
E as paredes onde eu amei.

Deles eu nunca me esqueci

São os lugares da minha vida
Espaços da minha memória
Se um dia eu for poeta
Vou cantar em sua glória.

Ela pensa que se lembra de todos
Mas, há uma estrada que anda muito esquecida
Justamente aquela, que foi a primeira,
Por todos nós percorrida.

Nenhum poeta fez versos para ela
Nem você, se lembra do nome dela

"Perereca", " xoxota" e até " periquita"
São nomes que dão para ela
Mas, você sabe na verdade o que ela é
Ela é a porta de entrada da vida

E se você não nasceu de cesariana
Tenha mais carinho ainda com a

"perseguida"

Pois, ela já foi um dia
A sua única saída.

Claire Feliz Regina



terça-feira, 10 de agosto de 2010

Carta para Josefa, minha avó

Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela raparigado teu tempo - e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o Sol todos os dias.De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal!Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do Mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos da rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietnam é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja.(Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?...) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses.E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu risoé como um foguete de cores. Como tu não vi rir ninguém.
Estou diante de ti e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este Mundo e não curaste de saber o que é o Mundo. Chegas ao fim da vida, e o Mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não fazia parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal, a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha vã e chão de terra batida. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos- e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente.Porque foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto entendo eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesses compreender. Já não vale a pena.O mundo continuará sem ti- e sem mim.Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas-e isso ainda é pior. Mas porque, avó, porque te sentas tu na soleira da porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!"
É isto que eu não entendo - mas a culpa não é tua.
José Saramago

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ode aos herdeiros políticos




Autor: José Miguel Silva poeta português
Interpretação de Antônio Abujamra

domingo, 8 de agosto de 2010

O relógio de papai



Lembro-me de seu relógio humilde, um "cebolão" como era chamado antigamente, o mostruário amarelado, números grandes, um relógio comum.
Mas que interessante! Papai nunca esqueceu da hora de nos acordar à noite para nos dar o remédio, de nos acordar para irmos à escola e principalmente papai nunca precisou de hora para nos dar amor e carinho.
Lembranças! Quando entrávamos na adolescência, hora de usar um relógio, já que naquele tempo era um artigo de luxo, papai procurava alguém que pudesse fazer um preço "mais em conta" ou até mesmo comprar um relógio de "2ª mão", ou seria 2º pulso?
Papai partiu há 35 anos, mas ainda hoje guardo com recordação seu relógio antigo, sem marca, sabedora de que ele não era consultado na hora de nos dar amor.
Saudades pai!

sábado, 7 de agosto de 2010

#Versificados - Pai


A proposta do #Versificados deste mês foi com o tema Pai.

 Dá uma passadinha por lá para ver os poetas versificando nos classificados dos jornais.



segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Poemas Errados (Dias Intranqüilos)






 

O homem debaixo do banco
Mendigando
Sujo e caduco
Segue andando
Com muito pouco
O vagabundo

Na praça, debaixo do banco
Vigiado pelo herói de bronze
Dorme tranqüilo o saltimbanco
Por horas: nove, dez, onze...

E eu, passando admirado
Vejo-o ali, jogado
E recordo que não me lembro mais
Quando dentro do meu sobrado
Dormi com tanta paz
André Al. Braga

domingo, 1 de agosto de 2010

Antigos e Soltos, poemas e prosas da pasta rosa


























O livro 'Antigos e soltos' reúne escritos da carioca Ana Cristina Cesar. A publicação é o testemunho do processo criativo da escritora, que se tornou ícone da poesia nos anos 1970/1980, e apresenta textos de diversos gêneros, poemas, fragmentos de diário, anotações íntimas em cadernos de aula, relatos de viagem, bilhetes e cartas nunca enviadas. O material foi preservado pela mãe da poeta, Maria Luiza, e doado pela família ao Instituto Moreira Salles, onde se encontram todos seus originais. Posteriormente, foi catalogado por Manoela Daudt d'Oliveira e reorganizado para a presente edição por Viviana Bosi. *


Por Enquanto
Quando
então
sentada na cama de casal
lembro que nela te perdes de
beijos
estou sem ar
no ar mexo as mãos
olhos
força nos ombros no nariz;
a garganta solapa; via
estreita,
nossa conversa amena;
nossa amizade;
até o previsto e casto
adeus;
o tempo se poupa;
nos economiza;
e teu ouvido
mouco;
e o troco;
e enquanto isso,
fora,
o real constrói o poema,
imbatível.

Ana Cristina César

*O livro tem 475 páginas, já estou na metade.