sexta-feira, 30 de abril de 2010

O prefeito e a homenagem

“Imortal
Lady Laura, a saudosa mãe do rei Roberto Carlos, vai virar nome de escola municipal no Rio de Janeiro. O prefeito Eduardo Paes já mandou o recado para o cantor.”
Anna Ramalho, Jornal do Brasil 29/04/2010


Gosto das músicas do Roberto Carlos e admiro a relação dele com sua mãe, mas daí a senhora virar nome de escola municipal é mais uma demagogia do nosso aprendiz de alcaide.

domingo, 18 de abril de 2010

Dia Nacional do Livro Infantil


Como me senti importante em manusear um livro de “gente grande” pela primeira vez, ao ler Monteiro Lobato em “Memórias da Emília”.
Vem daí o meu vício de leitura e a minha dependência pelo livro. Não gosto de ler pelo computador, preciso manusear, sentir a textura, o cheiro, trazer junto a mim.
O hábito da leitura vem da infância. Minha Clara quando aprendeu a ler queria comprar todos os livrinhos que via pela frente. Nessa época íamos ao Carrefour e ela, dentro do carrinho, devorava uma historinha enquanto eu fazia compras. Virou rata de livraria igual à mãe.


O livro
Quando tocares num livro, fa-lo com subtil delicadeza.
Ao abrires as suas páginas, desliza os dedos ternamente.
Ao leres, vislumbra os sorrisos e as lágrimas que lhe correm.
Não o rasgues, não o machuques, pois que a dor lhe dói.
Procura desvendar com os teus olhos todos os seus mistérios.
Depois, generosamente, acolhe-o no frescor dos teus encantos.
Acaricia o seu corpo com brandura, e recolhe-o ao peito.
Adormece-o a sonhar ao calor dos teus delírios.
A cada novo amanhecer, diz-lhe: Bom dia!
Pois todo o livro tem alma. Todo o livro tem coração.
Katia Drummond


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Os religiosos e suas intolerâncias

É esse o espírito de caridade? Então só podemos ajudar aqueles que comungam de nossas idéias? Lamentável.
Uma tragédia!
Contando ninguém acredita. Foi na Semana Santa, quando jogadores do Santos entregariam ovos de Páscoa aos 38 adultos e crianças com paralisia cerebral do Lar Mensageiros da Luz, na Baixada Santista. Mal o ônibus parou na porta, os jogadores Neymar, Robinho, Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos e Brum se recusaram a descer e ainda chamaram Ganso, que chegava em seu carro, para entrar no ônibus, de onde ele também não mais saiu. Motivo? Souberam que a instituição fora fundada por espíritas! E onde está aquele nosso povo brasileiro, bom e generoso, sem preconceitos? Pelo visto, perdeu-se nas pregações histéricas de seitas que, em vez de contribuírem para o crescimento espiritual de seus seguidores, retalham o Brasil, fazendo dele uma pátria dividida em religiões, antítese de tudo que sempre fomos, na contra-mão da própria Constituição! Que decepção para as crianças aqui vistas na foto. Para saber mais sobre a obra: www.mensageirosdaluz.org.br.
Fonte: Hildegard Angel, JB, Caderno B, 13 de abril de 2010.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Filhos são do mundo


Recebi por e-mail como sendo de uma jornalista que escreveu após cobrir o acidente de Angra dos Reis. Procurei no Google mas não consegui descobrir o nome do autor.

Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos. Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Três dias na cobertura da tragédia na pousada Sankay, olhos grudados em fotos, tevê e internet, vozes chorosas de mães e tios ao telefone me fizeram pensar nessa dor gigantesca que deve ser para um ser humano devolver o que mais amou nessa vida, mas nunca foi seu! E, principalmente, me fez entender que mais do que corajosos, nós, pais, somos loucos por correr o risco de amar tanto sem garantias.

Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração já é deles.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O menino que domou o vento


Com dois livros de física elementar, um monte de lixo e a energia eólica, jovem abastece lâmpadas e celulares em sua vila no interior da África .

FORÇA AÉREA: William Kamkwamba mostra a instalação que carrega celulares e acende luzes em Malauí, na África

Escondido entre Zâmbia,Tanzânia e Moçambique, o Malauí é um país ruralcom15 milhões de habitantes. A três horas de carro da capital Lilongwe, a vila de Wimbe vê um garoto de 14 anos juntando entulho e madeira perto de casa. Até aí, novidade nenhuma para os moradores. A aparente brincadeira fica séria quando, dois meses depois, o menino ergue uma torre de cinco metros de altura. Roda de bicicleta, peças de trator e canos de plástico se conectam no alto da estrutura e, de repente, o vento gira as pás. Ele conecta um fio, e uma lâmpada é acesa. O menino acaba de criar eletricidade.

O menino e a importância de suas descobertas cresceram. William Kamkwamba, agora com 22 anos, já foi convidado para talk shows, deu palestras no Fórum Econômico Mundial, tem site oficial, uma autobiografia - The Boy Who Harnessed the Wind (O Menino que Domou o Vento, ainda inédito no Brasil) - e um documentário a caminho. O pontapé de tamanho sucesso se deve a uma junção de miséria, dedicação, senso de oportunidade e uma oferta generosa de lixo.

Uma seca terrível no ano 2000 deixou grande parte da população do Malauí em situação desesperadora. Com as colheitas reduzidas drasticamente, as pessoas começaram a passar fome. "Meus familiares e vizinhos foram forçados a cavar o chão pra achar raízes, cascas de banana ou qualquer outra coisa pra forrar o estômago", diz Kamkwamba. A miséria o impediu de continuar na escola, que exigia a taxa anual de US$ 80. Se seguisse a lógica que vitima muitos rapazes na mesma situação, o destino dele estava definido: "Se você não está na escola, vai virar um fazendeiro. E um fazendeiro não controla a própria vida; ele depende do sol e da chuva, do preço da semente e do fertilizante" , diz Kamkwamba.

Para escapar dessa sentença, começou a frequentar uma biblioteca comunitária a 2 km de sua casa. No meio de três estantes com livros doados pelo Reino Unido, EUA, Zâmbia e Zimbábue, Kamkwamba encontrou obras de ciências. Em particular, duas de física. A primeira explicava como funcionam motores e geradores. "Eu não entendia inglês muito bem, então associava palavras e imagens e aprendi física básica." O outro livro se chamava Usando Energia, tinha moinhos na capa e afirmava que eles podiam bombear água e gerar eletricidade. "Bombear um poço significava irrigar, e meu pai podia ter duas colheitas por ano. Nunca mais passaríamos fome! Então decidi construir um daqueles moinhos."

Você está fumando muita maconha. Tá ficando maluco." Era isso que Kamkwamba ouvia enquanto carregava sucata e canos para seu projeto. "Não consegui encontrar todas as peças para uma bomba d'água, então passei a produzir um moinho que gerasse eletricidade. " Seu primo Geoffrey e seu amigo Gilbert o ajudaram, e após dois meses as pás giravam. O gerador era um dínamo de bicicleta que produzia 12 volts, suficientes para acender uma lâmpada. As pessoas próximas a ele só acreditaram em sua conquista quando ele ligou um rádio, que na hora tocou reggae nacional. "Fiquei muito feliz. Finalmente as pessoas reconheceram que eu não estava louco."

"Conseguimos energia para quatro lâmpadas, e as pessoas começaram a vir carregar seus celulares", diz. No Malauí, a companhia telefônica se recusou a fornecer infraestrutura para as vilas, e as empresas de celulares chegaram com torres de transmissão e baratearam os aparelhos. Por isso, hoje há mais de um milhão de aparelhos celulares no país, uma média de oito para cada cem habitantes.

"Bombear um poço significava irrigar. meu pai podia ter duas colheitas por ano. Nunca mais passaríamos fome! Então decidi construir um daqueles moinhos."

A história chegou aos ouvidos do diretor da ONG que mantinha a biblioteca. Ele trouxe a imprensa, e o menino foi destaque no jornal local. E daí alcançou o diretor do programa TEDGlobal, uma organização que divulga ideias criativas e inovadoras que convidou Kamkwamba para uma conferência na Tanzânia. O jovem aumentou o primeiro moinho para 12 metros de altura e construiu outro que bombeia água para irrigação. "Agora posso ler à noite, e minha família pode irrigar a plantação", diz.

Depois de cinco anos, com ajuda daqueles que descobriram sua história, Kamkwamba voltou à escola. Passou por duas instituições no Malauí, estudou durante as férias no Reino Unido e agora cursa o segundo ano da African Leadership Academy, instituição em Johannesburgo que reúne estudantes de 42 países com o intuito de formar a próxima leva de líderes da África.

Apesar de não ter mudado em nada a sua humildade, o sucesso e as oportunidades de estudo tornaram mais ambiciosos os planos de Kamkuamba: "Quero voltar ao Malauí e botar energia barata e renovável nas vilas. E implementar bombas d'água em todas as cidades. Em vez de esperar o governo trazer a eletricidade, vamos construir moinhos de vento e fazê-la nós mesmos".

Escrito por William Kamkwamba em conjunto com o jornalista Bryan Mealer, The Boy Who Harnessed the Wind foi lançado em 29 de setembro nos EUA e ficou entre os dez mais da livraria virtual Amazon.


Confira a entrevista com William Kamkwamba:

Fonte:

domingo, 4 de abril de 2010

Abrigando...


Mia Couto diz que não é a casa que nos abriga, nós é que abrigamos a casa.
Fiz essa foto na 6ª feira, na casa do meu sobrinho, registrando a visita diária que os micos fazem para receberem banana acompanhada de afeto.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Neuras de mulheres


Imagem: Botero

Recebi esse texto por e-mail sem autoria e com um “enxerto” no final. Que mania esse povo tem de “completar” o que o outro escreveu. Pesquisei e encontrei a autora: Nora Borges.
Daqui a alguns dias surge com autoria trocada.
Boa leitura!

Neuras de mulheres
Visita de rotina aos médicos. Todo ano a mesma peregrinação. Mastologista, ginecologista, oftalmologista, dentista... Mas um dia, resolvi incluir um 'ISTA' novo na minha odisséia...um DERMATOLOGISTA.
Já era hora de procurar uns creminhos mágicos para tentar retardar ao máximo as marcas da inevitável entrada nos ENTA. Para ser sincera e nem um pouco modesta, entrei gloriosa nesta seita. Com direito a uma festa memórável, que durou até as 10 horas da manhã do dia seguinte. Festa com música ao vivo, Los Años Dorados, na melhor boate da cidade, todos os amigos, fotografias...tudo maravilhoso.
Na verdade, sentia-me espetacular. Tudo certo. Ninguém podia cantar para mim a ridícula frase da Calcanhoto 'nada ficou no lugar...'
Mas não sei o que deu no espelho lá de casa, que resolveu, do dia para a noite, tomar ares de conto de fadas. Aliás, de bruxas. E mostrar coisinhas que nunca haviam aparecido. (Ou eu não havia notado?) Pontinhos azuis nos tornozelos, pintinhas negras no colo, nos braços, bolinhas vermelhas na bunda...olheiras mais profundas..
- Como assim??? Assim...sem avisar nem nada. De repente, o idiota resolveu mostrar e pronto. Ah, não! Isso não vai ficar assim. ISTA novo na lista do convênio. O melhor. Queria o melhor especialista de todos os ISTAS...
Achei. Marquei. E fui tão nervosa quanto para um encontro 'bem intencionado' daqueles em que a gente escolhe a roupa íntima com cuidado, que é para não fazer feio...nem parecer que foi uma escolha proposital... Sabe como é, né?
Pois sim. O sujeito era um dermatologista famoso. Via e futucava a pele de toda a nata feminina e masculina da cidade. Assim, me armei de humildade. Disposta a mostrar cada defeitinho novo que estava observando, através do maquiavélico e ex-amigo espelho de meu quarto.
Depois de fazer uma ficha com meus dados, o 'doutor' me olhou, finalmente nos olhos, e perguntou: 'O que lhe trouxe aqui?' Fiquei vermelha como um tomate. E muda.
Ele sorriu e esperou. Quase de olhos fechados, desfiei minhas queixas. Ele observou 'in loco' cada uma delas, com uma luz de 200wtz e uma lupa... e começou o seu diagnóstico. 'As pintinhas são sinais de sol, por todo o sol que já tomou na vida. Com a IDADE (tóin!) elas vão aparecendo, cada vez mais numerosas. Vai precisar de um protetor solar para sair de casa pela manhã, mesmo sem ir à praia. Para dirigir mesmo. Braços e pernas e rosto e pescoço.
- E praia?
- ‘Evite. Só de 6 às 10 da manhã, sob proteção máxima, guarda sol, óculos e chapéu. Bronzear-se, nunca mais.'
- Ahmmm... (a turma só chega às 11:00 !!!!)
- 'Os pontinhos azuis são pequenos vasos que não suportam a pressão do corpo sobre os saltos altos. Evite. Sapatos com solado anabela ou baixos, de preferência. Compre uma meia elástica, Kendall, para quando tiver que usar os saltos altos.'
- Ahmmmaaaa...(Kendall???e as minhas preciosas sandalhinhas???)
- 'As bolinhas na bunda são normais, por causa do calor. Para evitá-las use mais saias que calças. Evite o jeans e as calcinhas e lycra. As de algodão puro são as melhores..e folgadas.'
- Ahmnunght???? (e pude 'ver' as de minha mãe, enormes, na cintura, de florzinhas cor de rosa.....vou chorar!)
- 'As olheiras são de família. Não há muito o que fazer. Use esse creminho à noite, antes de dormir e procure não dormir tarde. Alimentação leve, com muita fruta e verdura, pouca carne e muito peixe. Nada de tabaco, nem álcool... nem café.'
E a histérica aqui ­ começou a rir... Agradeci, peguei suas receitinhas e saí ­ rindo, rindo... me dobrando de tanto rir! No carro comecei a falar sozinha... tudo o que deveria ter dito e não disse: ' Trabalho muito, doutor... muitas noites vou dormir às 2h, escrevendo e lendo. Bebo e fumo. Tomo café. Saio pelas noites de boemia com os amigos e os violões para as serenatas de lua cheia....e que noites!!!! Adoro os saltos, principalmente nas sandálias fininhas. Impossível a meia elástica (argh!!). Calcinhas de algodão? E folgadas??? Adoro as justinhas e rendadas... E não abandono meu jeans nem sob ameaça de morte!!! É meu melhor amigo!!!! Dormir lambuzada? Neste calor? E minhas duchas frias com sabonete Johnson para ficar fresquinha como um bebê, cada noite? E nada de praia??? O senhor está louco é???? Endoideceu foi??? Moro em Recife, com esse mar e tudo... e tenho só 40 anos... meia vida inteira pela frente!!! Doutor Fulustreco, na minha idade não vou viver como se tivesse feito trinta anos em um!!! Até um dia desses tinha 39... e agora em vez de 40 estou fazendo 70???
Inclua aí ­ na sua lista de remédios para as de 40 a 60, MEIA LUZ... Acho que é só disso que eu preciso. Um bom abajur com uma luz de 15wts... E um namorado que use óculos...É isso... só isso !!! Entendeu????'
Parei no sinal e olhei de lado... e um garoto de uns 25 anos piscou o olho para mim. Ah... e ele nem usava óculos! Nunca fiz o que me recomendou o fulustreco ISTA... Minhas olheiras são parte de meu charme. E valem o que faço pelas noites a dentro... ah!!! se valem! As bolinhas da bunda desapareceram com uma solução caseira de vitamina A, que quase todas as mulheres usavam e eu não sabia, até que contei minha historinha do 'bruxo mau'. Os sinaizinhos estão aqui... sem grandes alardes... e até que já acho bonitinho. O espelho é muito menor..o outro, eu dei à minha filha.
E meu namorado diz que estou cada dia mais linda! Principalmente quando estou de saltos e rendas, disposta a encarar uma noite de vinhos e música. É claro que ele usa óculos. Mas quando quero ficar fatal, tiro os seus óculos...e acendo o abajur.
Nora Borges