quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sobre viagens e livros II


Sempre que alguém viaja para Portugal minha encomenda é sempre a mesma: livros.


Embora já tenha lido muita coisa de Inês Pedrosa, dessa vez pedi três livros e chegou de quebra “Nas tuas mãos”, nova edição com a capa bem mais bonita que a anterior.


“(...) A minha amizade por ti tem agora mais dedos, mais carícias – encontro nas rugas do meu coração seco restos de rímel, restos do pó-de-arroz que trocávamos, na casa de banho dos bares e dos cinemas, para esconder as lágrimas e fazer de valentes, na década em que ainda demasiado inocentes para podermos ser corajosas.” Inês Pedrosa, In: Carta a uma amiga (Fotografias de Maria Irene Crespo)


“(...) O amor dos amigos entra por todas as moradas, sem pedir licença ao tempo, e dorme em qualquer canto para acudir fora de hora às emergências imperceptíveis.” Inês Pedrosa, In: Carta a uma amiga (Fotografias de Maria Irene Crespo)


“Não há entendimento para o sofrimento do outro - só essa distância paternalista a que, nos casos dos felizes, se chama compaixão.” Inês Pedrosa, In: Fazes-me falta.


“Desta vez, esqueci-me dos meus princípios. Fotografei com paixão, cor, libertinagem, imprudência. Fiz grandes planos de rostos desmantelados no público, aplausos e lágrimas. Usei exposições intermináveis. Usei tudo aquilo que normalmente considero “truques baixos”, a as máquinas que habitualmente me servem para fugir à vida devolveram-me imagens de dança onde se inscreve a verdade do sonho da minha vida.”  Inês Pedrosa, In: Nas tuas mãos


“A maior ambição dela era conseguir ultrapassar a precariedade das relações. Parecia-lhe absurdo deixar de amar as pessoas que tinha amado, não suportava a idéia de que a vida se resumisse a uma coleção de recordações sem eco. Escalava as escarpas da história numa ânsia de escapar à rarefeita atmosfera do presente. Queria aprender o segredo da continuidade. Mas não havia segredo nenhum; a permanência não era mais do que uma tempestade de rupturas e repetições.” Inês Pedrosa, In: Do grande e do pequeno amor, Um romance fotográfico. Fotografias de Jorge Colombo


“(...) Talvez o riso seja mais contagioso do que a dor. Talvez. Mas, por agora, dou as mãos à memória da tua voz para regressar a casa, dançando do passeio para o asfalto as canções de Nova Iorque que tu cantavas por cima da minha voz, quando eu te ralhava. Por agora, danço entre os arranha-céus até que eles se diluam, danço como se tu pudesses renascer da água dos meus olhos, inundada de luz.” Inês Pedrosa, In: Fica comigo esta noite

Um comentário:

Max disse...

Rê,
Fiquei interessado em conhecer essa autora.
Obrigado por mais essa dica.
Abs.