Blogagem Coletiva organizada pela Ester do Esterança.
“As escolas têm que esquecer a idéia de que o aluno tem que se adaptar a ela. Pelo contrário, elas devem tornar-se o meio mais favorável para o aluno, dando-lhe recursos para enfrentar desafios”. Claudia Werneck:
Em nossa escola, Colégio ESC/PRESC/Soldadinho de Chumbo, a inclusão já acontece muito antes de se falar em inclusão.
Há 30 anos já incluíamos crianças com deficiência auditiva severa, paralisia cerebral e deficiência mental importante dada a garra e a coragem da mentora desta entidade: Profª Aída Gonçalves Ferreira e sua companheira de trabalho Carmen Delmás que sempre acreditaram no potencial do ser humano independente de qualquer coisa. Há 20 anos, Profª Aída foi abençoada com uma netinha com grandes dificuldades em vários níveis e então toda a experiência já obtida anteriormente foi ampliada e depois disso, nossa escola passou a receber com mais interesse e devoção, crianças e jovens com necessidades especiais e faz realmente a inclusão.
Os ditos “normais“ interagem de modo encantador com todos os alunos de necessidades especiais e vice - versa. Preocupamo-nos apenas em dar suporte aos professores e manter na turma os portadores de necessidades especiais em número suficiente para que o professor cumpra sua “missão” da melhor forma possível! Temos conhecimento de tudo? Com certeza não, mas buscamos, procuramos soluções para que cada ser humano, independente de qualquer coisa seja feliz e realizado dentro de sua realidade.
Podemos atender a todos? Também não! Trabalhamos com nossas possibilidades reais até porque dentro de uma turma dita normal eu tenho um numero máximo de alunos com necessidades especiais.
Quando comecei a escrever, lembrei de dois casos que penso sejam interessantes de ser relatados: Um rapaz, hoje com 27 anos, deficiente auditivo severo, que tocava na banda da escola. Hoje sabemos como conseguem, mas na época apenas experimentamos, insistimos, acreditamos. O outro que hoje tem 20 anos, Síndrome de Down, que nos impulsionou a continuar a inclusão, pois ao chegar na antiga 4° série iria mudar de escola para uma especial, e seria admitido na turma de acordo com a idade e não com o conteúdo apreendido e ao avaliarmos junto a sua família, ele iria passar a ter um conteúdo da antiga 2ª série quando já tinha competência de 4ª ! Reunimo-nos e decidimos abraçar a causa já que numa escola especial iria receber menos estímulos de seus potenciais e menos conteúdo que já tinha recebido em nossa escola!
Hoje este rapaz terminou o Ensino Médio e trabalha como jardineiro na Petrobrás. É uma pessoa independente, feliz e capaz de seguir a sua vida. Exerce a cidadania e está inserido no mercado de trabalho.
Existem muitos outros relatos! Para exemplificar apenas: Síndrome de Turner, Nefrótica, TDAH, Síndrome de Aspenger, Paralisia Cerebral, Dislexia, Autismo dentre outros.
Podemos garantir que o crescimento não se dá apenas na pessoa com necessidades especiais, mas cada profissional que abraça esta causa cresce em todos os níveis e se sente muito gratificado e feliz.
Como conclusão, deixo a seguinte observação: Basta acreditar no potencial de cada um (aluno e educador), auxiliar a família a fazer o mesmo pois o que mais os pais de crianças com necessidades ouvem é o não ( Não pode, não vai conseguir , etc. - e acabam acreditando nisso ) , agir, procurar soluções através dos recursos possíveis pois o caminho se descobre caminhando, profissionalismo, e o mais importante dos ingredientes: O AMOR. Sem ele nada somos!
Maria Alice G. Ferreira, Professora, Psicopedagoga, Arteterapeuta, Coordenadora do Ensino Fundamental I do Colégio ESC/ Soldadinho de Chumbo e Diretora da PRESC – Educação Infantil do Soldadinho de Chumbo e mãe da Mestra Anny Elisa, PC gravíssima e Microcefálica - alice1958@globo.com
4 comentários:
Postagem emocionante...
Olá
Agradeço a visita e o comentário,que texto
maravilhoso.Parabéns!
volte qdo quiser e puder
beijos na alma
Mari Amorim
Experiências emocionantes. A ESCOLA é isso, espaço democrático onde deve incluir todos.
Parabéns aos responsáveis.
Eu estava procurando sobre a esc para achar o site do colégio, e achei está postagem que conta a verdade dessa familia que é o colégio ESC. E por isso eu tenho orgulho de ser um dos vários alunos dessa escola.
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