(...) Para quem ainda não soube pela TV ou pela Internet, eis os fatos. No dia 22, uma estudante do curso de Turismo da Uniban, no campus de São Bernardo do Campos, foi à aula com um vestido curto cor-de-rosa, saltos altos e maquiagem. Ela sairia da aula para uma festa. Acabou sendo escoltada pela polícia para não ser linchada.
Não, falar em linchamento não é exagero. Faltou pouco – se houvesse pedras por ali...As imagens são impressionantes. “Puta, puta”, gritava uma multidão de pelo menos 300 pessoas, as vozes ecoando por todo o prédio. Ela teve de suportar ainda cusparadas, ameaças de estupro, tentativas de lhe fotografar os fundilhos. O vídeo foi parar no You Tube. No dia 29, chegou ao noticiário.
O episódio é revelador. Mostra o grau de barbárie e intolerância que se esconde sob o manto da falsa moralidade e da inveja., indica a qualidade da educação que estudantes universitários recebem e receberam na sala de aula e também em casa. Falta moral e ética. Aconteceu numa universidade. Não dá para usar a desculpa da ignorância. É a pura incapacidade de aceitar o diferente.
Da próxima vez que você reclamar da política, lembre que esse é o povo que elege nossos representantes. Se foram capazes de fazer isso, o que não fariam se tivessem poder? Esses são os futuros profissionais com os quais você terá de lidar. Se agiram assim em público, o que não fariam quando ninguém estivesse olhando? Moral e ética não são opcionais. Se o sujeito não tem numa circunstância, não vai ter em outra também.
Ah, mas a roupa dela era inapropriada, disseram alguns, inclusive professores. E daí? Ela não estava fazendo nada de ilegal. Não gostou? Fala com a própria menina, reclama com o reitor. Se não acontecer nada, fique no seu canto e cuide de sua vida. Simples assim. A isso se chama tolerância.
Fábio Santos, Jornal Rio Destak, edição nº 315, 3 de novembro de 2009.
5 comentários:
Desculpe-me a caixa alta.
LAMENTÁVEL!!!!!!!!
E assim caminha a humanidade. Intolerância, homofobia, guerra de religiões, estamos voltando a idade da pedra.
Quanto a esse caso UNIBAN, li esse comentario de uma amiga que vive no Brasil, portanto sabe mais do caso que eu. Ela comentou em um outro post assim:
" A época desta semana traz alguns detalhes do caso que não podem ser ignorados:
a) A moça se diz chamar Geisy, mas se apresenta num site de garotas de programa como Michele, disponível 24h por dia, bilíngue, etc, etc, etc.
b) Ela não deu queixa. Por que?
Eu acho que os alunos da turma descobriram a "real profissão da moça", já que "turismólogo" não é profissão regulamentada. E a facul é particular... isso é bem comum, né mesmo?
c) O tamanho da roupa não é o caso. O caso é o tamanho da hipocrisia, pois pra descobrirem que ela pratica a "profissão mais antiga do mundo", alguém foi procurar, via site ou ao vivo e a cores.
d) "Puta é pra ser encontrada nos "locais apropriados", mas não pra sentar na carteira vizinha, na mesma sala de aula que eu".
Enfim... pra mim, a garota é profissional do sexo, foi descoberta, e deu no que deu. Culpa da hipocrisia geral da sociedade, do machismo e da misoginia. Como consertar isso? Sei lá, eu não sou palmatória do mundo!!!"
Quanto ao comportamento do aluno nada mais é como sempre foi. Brasil tá assustado? Os alunos de uma universidade sempre foram rebeldes. Estamos esquecendo dos anos dourados???
Um beijo grande e adorei o post.
Geórgia querida,
Independente da profissão da menina não concordo com esse tipo de atitude. Usei muita minisaia nos anos 70, época em que havia maior repressão nos usos e costumes e nunca vi ninguém ser agredido por isso.
Ns anos rebeldes os jovens lutavam por um ideal, hoje os “pitboys” agridem pelo prazer de mostrar-se “forte”, “macho”.
Pelo que li a menina trabalha, dê uma olhadinha na página abaixo.
http://www.saiunojornal.com.br/patrao-da-aluna-da-uniban-geyse-arruda-diz-que-pode-usar-vestido-curto-e-que-seu-emprego-esta-garantido.html
Abraços.
Seu canteiro é admirável,......
Sei que precisarei mais que a primavera para me interar de tudo e, ainda estamos no verão.
Beijos,
Lau Baptista
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