domingo, 31 de agosto de 2008

Beto Guedes - Sol de Primavera


Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou
Juntos outra vez

Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção

Que venha nos trazer
Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender

Beto Guedes e Ronaldo Bastos

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Recebi uma notícia maravilhosa. Ritinha, minha afilhada querida, está grávida de 9 semanas e ....de gêmeos!

Querida, muitas felicidades para você neste novo caminhar e saiba que daqui para frente seu coração estará para sempre fora do seu corpo.

Muitas bênçãos divinas para você!

Mesmo longe receba meu abraço afetuoso.

Dia do Psicólogo


“Não temos laboratório com aparelhagens complicadas. Nosso laboratório é o mundo.
Nossos experimentos são acontecimentos reais da vida humana de cada dia,
e o pessoal submetido às provas são os nossos pacientes, discípulos, parentes, amigos e enfim nós mesmos.
O papel de experimentador compete ao destino.
Nosso intento é compreender a vida da melhor maneira possível, tal como ela se manifesta na alma humana.
Nossa psicologia é uma ciência prática.
Não pesquisamos apenas por causa da pesquisa, mas sim levados pela intenção imediata de ajudar.
(C.G.Jung, "Psicologia da personalidade", vol. XVII, §171-2)

Neste dia que se comemora o “Dia do Psicólogo, deixo meu carinho para os amigos psicólogos, Ana Campelo, Verinha, Rosangela, Ju, Cirleide, Sergio, Ney, Rosangela Baruffaldi, Rita Martins, Teresa.

“Esse ofício de cuidar da alma das pessoas fica também tão entranhado na gente, que vira meio de vida, faz parte da massa do sangue”. Jean Clark Juliano

Meu carinho procês.

Regina Coeli Carvalho

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Diagnóstico: Alzheimer

"Como sempre nas doenças graves, devemos
lembrar que a vítima não somos nós: é o outro.
Nesse processo não há nada de bom, de belo,
a não ser o exercício da ternura, sem esperar
muito retorno"

Almocei com um amigo semanas atrás e, quando perguntei a razão de seu abatimento, ele me disse sem rodeios: "Esta manhã recebi o diagnóstico de minha mãe: é Alzheimer". Imaginei essa senhora, alegre e vital, enveredando pelas sombrias trilhas de uma enfermidade diabólica, e entendi a tristeza de meu amigo como se fosse minha.

Minha própria mãe morreu aos 90 anos, depois de bem mais de uma década sendo paulatinamente envolvida na mortalha mental e emocional do Alzheimer. Uma bela mulher ativa tornou-se inexoravelmente uma estranha, raramente ostentando uma vaga semelhança com a que fora minha mãe.

A doença se manifesta em geral muito sutil: um esquecimento aqui, uma confusão ali. Uma atitude estranha aqui, outra ali, intercaladas por fases de aparente normalidade.

A sociabilidade muda, os bons modos parecem esquecidos, o controle do dinheiro se torna caótico, e é dificílimo interferir. Há enorme resistência dos familiares em aceitar essa enfermidade. Para mim, minha mãe sofria episódios naturais de esquecimento. Só o choque de um dia a encontrar com uma pintura bizarra no rosto, ela tão recatada, me fez cair na duríssima realidade. Ela já não sabia – ou em longos períodos não sabia – o que estava fazendo. Algumas pessoas mais chegadas tinham me avisado: eu havia me recusado a ver.


O que eu disse a meu amigo, disse a mim mesma nos muitos longuíssimos anos daquela jornada: o doente em geral não sofre. A família, sim. O que se pode fazer? Muito pouco, além de cuidar para que ele esteja bem alimentado, bem abrigado, medicado e tratado com carinho. Nada de criticar quando não sabe mais quem somos, porque no fim não sabe mais quem ele próprio é. Quando já não se porta à mesa como antes, quando faz "artes" às vezes perigosas, ele precisa ser protegido, não mais ensinado. Não vai mesmo aprender.

Como sempre nas doenças graves, devemos lembrar que a vítima não somos nós: é o outro. Nesse processo, que em geral dura muitos anos, não há nada de bom, de belo, de encantador, a não ser o exercício da ternura, da paciência e dos cuidados, sem esperar muito retorno, pois em breve seremos chamados de senhor, senhora, moça, não mais de filha, filho, meu querido. O ser amado se distancia, sem volta, sem saber, sem querer e sem que nada possa evitar: agora havia ali uma velhinha da qual eu cuidava como podia.

Por fim, para a proteger de si própria, por insistência dos médicos ela foi posta na melhor clínica que pude assumir. Jamais esquecerei a dor e a culpa que me assaltaram, contrariando qualquer raciocínio. Milhares de vezes tentei me convencer de que minha mãe nem existia mais, era apenas uma velhinha de quem eu tinha de cuidar. Como ficção, funcionava; como realidade, a cada uma das centenas de visitas meu coração se partia outra vez.


Cuide de sua doente, eu disse a meu amigo, da melhor forma. Não alimente nenhuma esperança vã, pois tudo é triste, infinitamente desalentador. Uma coisa que ajuda, um pouco, é tentar entrar no universo do doente, em lugar de querer que ele retorne ao nosso. Mas cuide também de si mesmo. Tente pegar-se no colo, proteja-se da culpa insensata que nos espreita, siga sua vida. Na natureza morrem árvores jovens, e velhas árvores tortas vivem muito além da última floração. Estamos mergulhados no mistério: isso torna a vida possível mesmo quando não a entendemos.

Lya Luft, Revista Veja, 16 de abril de 2008


Para você Lilian na certeza de que encontrará forças para enfrentar essa "barra".


segunda-feira, 25 de agosto de 2008


“Já há algum tempo que venho pensando e querendo gentileza. Como tenho sentido falta de gentileza! Aquela que chamo de gentileza urbana: ceder o acento para uma pessoa mais idosa, mais cansada; abrir a porta, seja do carro, do elevador, de casa, do bar; ajudar com a bagagem, com as compras; olhar nos olhos e dizer: bom dia, tenha uma boa tarde, por favor, obrigada, seja bem vindo, volte sempre; sorrir; ouvir; deixar passar; ceder a vez; oferecer. Oferecer encanto, cortesia, graça. Oferecer um beijo, um minuto de atenção. Ultimamente, as pessoas têm se colocado tão sem tempo, que esquecem de ser gente. Esquecem que ser gente é ser carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo”. Adriana Falcão, Pequeno dicionário de palavras ao vento.

Que possamos mudar um pouco essa realidade, por contágio ou por pequenos gestos.

domingo, 24 de agosto de 2008

“Frequentemente subestimamos o poder de um toque, um sorriso, uma palavra gentil, um ouvido à disposição, um elogio sincero, ou o menor ato de atenção, tudo aquilo que tem potencial para mudar a vida ao nosso redor.”

Leo Buscaglia

sábado, 23 de agosto de 2008


PENUMBRA

Espere...
Não entre na desordem deste quarto,
Esparramei no chão meus sentimentos,
Estou revendo a história de cada momento.
Cuidado!
Aqui estão os ais do meu passado...
Não pise nessas dores tão antigas,
Tão velhas que já são minhas amigas.
Observe
Todas as imagens desbotadas,
São meus momentos de decepção
Lavados com o pranto de meu coração...
Descubra
Pendurada naquela parede,
Minha coleção de esperanças
Desde os velhos tempos de criança...
Confira
Aqueles momentos de incerteza,
Os medos, pesadelos, titubeios,
Coleção de meus tolos receios...
Admire...
Empilhei ali naquele canto
Todas as vitórias conquistadas,
Quando por mim fui superada!
Sorria,
Veja a coletânea de alegrias,
Meu acervo da rara beleza...
A vida não tem sido só tristezas!
Não brinque!
Aqui eu guardo meus amores...
De todos, os mais fortes sentimentos.
Tremo ao relembrar cada momento!
Não ligue...
Ali deixei a miscelânea,
Instantes... Curtos, fortes, variados,
Murais que só eu sei o significado...
Enfim...
Sente-se aqui perto de mim,
Apague a nostalgia que me inunda
e veja à meia-luz desta penumbra,
Flashes da aventura que deslumbra!

Sylvia Cohin

"Não perturbe o tornar-se."

Deleuze

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Os domingos precisam de feriado



Toda sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica.
Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação.

Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Hoje, o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação.
Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações para não nos ocuparmos. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições.

Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.

Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.

As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado...

Nossos namorados querem "ficar", trocando o "ser" pelo "estar".

Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante.

Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida.

A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é: o que vamos fazer hoje? Já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande "radical livre" que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Nilton Bonder

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

foto: Anna Clara Carvalho

“Os fotógrafos têm a mesma função dos poetas: eternizar o momento que passa”


Mário Quintana

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Reflexões de uma psicoterapeuta

Conversando com Meus Botões...

Jean Clark Juliano

Sempre que alguém nos procura, ficamos atentos ao fato de que ele não vem desacompanhado, mas que traz na sua bagagem todo um conjunto de eventos, personagens e visão de mundo que epresentam os tempos em que ele vive, e portanto, nós vivemos. A pessoa é o resumo da cultura atual. E nós também. O que eu quero dizer com isso é que devemos estar conscientes da impossibilidade de sermos objetivos em nossas ponderações.

Nós também, por melhores que sejamos, estamos imersos e sujeitos às oscilações da nossa cultura.

Somos antigos e ao mesmo tempo, contemporâneos.

Hoje fico me questionando: E esta pessoa, vem em busca de que? O que faz com que nos escolha? Qual é a imagem que emana de nós mesmo sem que precisemos falar ou fazer algo? O que a faz imaginar que nós temos a oferecer o que ela vem buscar?

O que nos faz ficar indignados? Ou apaziguados? O que consideramos ser saudável? Ou normal? Como é o homem que a sociedade espera que ajudemos a construir? Que qualidades e talentos ele precisa desenvolver?

Quais são as nossas crenças? Quando aceitamos trabalhar com um cliente, qual é a ideologia que norteia o rumo que tomamos ? Qual é o nosso critério de felicidade?

Qual é a tarefa da Psicoterapia nos tempos atuais?

Diante de alguns clientes, hoje a imagem que eu tenho é a de um surfista, capaz de enfrentar muitas ondas, levando muitos tombos, bebendo muita água, mas em eterno movimento, fazendo o possível para permanecer vivo, cavalgando a onda.

Às vezes fico em dúvida se aquilo que estamos oferecendo é o que realmente é necessário.

Vou compartilhar com vocês alguns pedaços de história vivida com o Marcelo.

Foi só depois de uma longa negociação ao telefone que conseguimos um horário em comum... Comportamento que outrora podia ser entendido ou interpretado como sendo resistência...

O fato é que ele não tinha tempo mesmo...

Ao recebe-lo no consultório, vejo um jovem bonito, de terno e gravata, trazendo consigo ícones de nossa cultura atual: a pasta com o notebook, e o telefone celular na cintura...

Ele começa querendo negociar que suas sessões sejam em dias e horários alternados, para que não se forme um padrão, que poderá ser percebido pelo chefe...Imagine se ele descobre que Marcelo está em terapia... Alem disso, questiona se este formato de trabalho do modo que eu proponho funciona. Não será melhor ser atendido quando tiver uma questão importante para lidar, e aí ficar trabalhando até chegar a um bom termo com essa questão?

Pergunta também a respeito de minha orientação teórica, de onde obtive minha formação, e o que eu conheço do mundo empresarial. E ao relatar alguma situação vivida,, tem muita vontade de saber minha opinião rapidamente transformando em um "case", um estudo de caso, como é de seu hábito no trabalho. E de nada adiantam as evasivas tradicionais...( do tipo devolver a questão...) Quer aprender a ter muito claras, nas próprias mãos, suas dificuldades...

É muito aplicado, também com a sua terapia, que ele chama de consultoria...Um dia ele chega muito deprimido por haver rompido um namoro de algum tempo.. Foi o seu primeiro relacionamento afetivo mais importante. Parece que seu mundo desabou.

E se espanta, não se reconhecendo. Afinal de contas, ele é tão racional, o que é isso? Logo agora, vai ficar assim?

Justo na época de provas do seu ultimo semestre do curso superior?Ele não pode, de forma alguma, tirar menos de 7,0 para não manchar seu curriculum...

Começa a me contar que seus colegas estão aborrecidos com ele e acabam colocando-o de lado. Pelo fato dele estar sempre ocupado, pelo fato de ele jamais ter aceito um convite festas, para uma cerveja e que agora, que vai haver a formatura, ele não se dispõe a participar...

Ele está sempre tão envolvido em seus projetos,que não dá tempo para mais nada!

No momento, está fascinado, fazendo um estágio numa multinacional.Nos intervalos, faz tradução para ganhar um dinheiro extra. Tempo, para ele, é mercadoria em falta. Lazer, então, nem se fala. Está angustiado. Já tem 23 anos e ainda não comprou um imóvel para si próprio!

Ao falar em seus projetos profissionais ele conta que seu objetivo é ser presidente de uma empresa antes de completar 30 anos.

Fico surpresa, parece brincadeira, mas não é. É sério. Me dá uma vontade de confrontá-lo, de brincar com ele, perguntando o que ele vai fazer de si mesmo nos próximos 60 anos de sua vida?

Daí, muito claramente ele me conta seu principal objetivo ao fazer terapia. Quer que eu faça uma lista de todos os seus defeitos para que possamos trabalhar neles, para que consiga alcançar seus objetivos....Acha que se puder fazer tudo isto logo, tira este problema da frente, vai poder juntar dinheiro e ter uma vida folgada. Podendo escolher um novo tipo de vida. É isso o que ele quer.

E é aí que começo a questionar a validade de tanta correria, que só lhe aumenta a solidão, deixando a porta aberta para uma cruel sensação de vazio. E é justamente isso o que ele quer evitar. Só não percebe ( e talvez nem tenha vivido o suficiente para se dar conta ) de que um caminho leva a outro, que leva o outro, e assim sucessivamente, que não tem volta.

Durante um tempo, pudemos ir trabalhando, focalizando um pouco cada questão, quando um dia ele chega feliz e me conta que assinou contrato com outra empresa no Exterior. Um contrato muito vantajoso, diz ele, vai ganhar bem e onde ele abdica de todos os finais de semana e de férias por dois anos!

Mas terá ao seu dispor todos os recursos de comunicação. Telefone, fax, e-mail. À vontade! Casa e comida não são problema! Mas deve providenciar um colchonete que ficará guardado debaixo de sua escrivaninha, porque às vezes terá de dormir lá na empresa mesmo.

Confesso que com esse eu me atrapalhei. Não parava de me espantar. Fico me questionando o porque da eleição deste tipo de vida? Em que consiste seu projeto heróico? A quem é que ele quer ou precisa mostrar seus "troféus de caça"?

Agora vem o pior, Eu, que considerava este comportamento dele como sendo pessoal e isolado, descubro que toda uma geração está nesta trilha também. Fico me indagando qual será a motivação que os move? Dinheiro? Status? Imagem? Fazer parte de um grupo seleto que detém para si um conjunto de informações privilegiadas?

É aqui que eu peço auxilio.

Estou diante de um problema: Este tipo de vida é radicalmente contra tudo o que eu aprendi a considerar saudável, em termos de mente e corpo. E fico perplexa, sem saber por onde começar...

Quando ouso questionar, a resposta que recebo é que o mundo está muito competitivo, e que estes empregos são muito cobiçados... E então olham para mim, com um jeito condescendente, até com uma certa dose de pena...Daquele jeito que a gente olhava para a avó, que sempre recomendava levar um casaquinho, porque o tempo ia mudar...

Conversando com meus botões:

Estes novos tempos tem me trazido a consciência da riqueza de mudanças e questionamentos. Parece que muito daquilo que eu tinha como certeza não vale para os dias de hoje. Que a Verdade é transitória! Percebo um mundo em transição, que ainda não consigo nomear com clareza, tendo presente apenas a sensação da rapidez fantástica da passagem do tempo.

Mas para que vocês entendam do que estou falando, deixe-me fazer um contraponto contando algumas histórias de minha geração: Peço toda a paciência e atenção.

Sou de uma geração que pode ser taxada de romântica, mas que se insurgiu contra a ditadura do excesso de consumo, contra uma rigidez de costumes, contra um autoritarismo esclerosante que aniquilava qualquer tentativa de criatividade, de experimentação ,e o que dizer então de liberdade...

O refrão em voga era "Faça amor, não faça a guerra"

Os nossos corpos foram libertados de suas amarras. Tecidos feitos de plástico, roupas, soutiens,, cintas e outros arreios foram queimados em praça pública. A moda de então estava de acordo com o fluir do corpo. A roupa era singular, colorida, ficava solta, tinha movimento, sempre convidando à dança.

Hoje, apesar de tudo o que se fale em termos de liberdade, o que vemos em todos os lugares são pessoas uniformizadas. Todos de preto, homens e mulheres. Roupa curta bem colada no corpo amarrando os movimentos. Sapatos de plataforma, altíssimos, constituindo-se no paraíso dos ortopedistas. E é absolutamente indispensável que tudo seja proveniente de griffes famosas.

Fomos motivados a voltar ao simples, a desejar e possuir somente aquilo que nos fosse necessário.

Pensando e agindo desta maneira havia uma atitude diferente em relação ao trabalho. Era uma época em que se podia escolher o ofício, com a condição de que o mesmo serviria para a realização pessoal. Havia a possibilidade de escolha. Se aquela escolha nos fizesse ganhar menos, mas estávamos felizes, então nos organizávamos para gastar menos. Os critérios fundamentais eram a felicidade e a independência.

Foi também nesta época que surgiu com toda a força o movimento da Nova Era, trazendo consigo um profundo respeito e também retorno à Natureza.

Hoje a ideologia da integração com a Natureza, respeitando-a e com ela aprendendo a levar a vida de uma maneira mais rica e de acordo com um ritmo espontâneo, abrindo espaço para a criação, está sendo esquecida e desvalorizada. As motivações financeiras se constituem num argumento mais forte em todas as decisões.

Acreditávamos que a mudança social, a grande revolução proposta, se iniciava pela busca individual pela própria alma. O grande heroísmo consistia no contato vibrante com a realidade pessoal. Para depois aos poucos, ir aumentando a roda. Chegando por essa via ao social.

Ser terapeuta então era cuidar para que nada interrompesse tal busca. Era interromper a interrupção. Cuidando do campo terapêutico, para que o cliente pudesse dar seu mergulho em direção ao auto- conhecimento.

Hoje são raras as pessoas com capacidade de voltar-se para dentro de si próprias buscando inspiração, levantando os próprios recursos ou significado para a vida.

As pessoas que nos chegam hoje vem sofridas, sem saber o que estão buscando. Precisam começar do começo. Aprendendo a ver, ouvir, saborear aquilo que está bem diante de si; Descobrindo seus recursos. Buscando força para o enfrentamento perplexo de um mundo em que não existem parâmetros estáveis e claros quanto aos rumos a serem tomados. A estabilidade é mal vista. Fica a imagem de alguém acomodado, que não tem a agressividade para ir ao mundo, experimentando muitas possibilidades, com um leque aberto de opções. Mesmo quando parece que temos alguma bússola, é freqüente sentir a falta de chão debaixo de nossos pés…

Havia a crença que com o foco necessário, com uma real intenção e uma impecável determinação seriamos capazes de construirmos a nós mesmos, a caminho de um crescimento pessoal. Aquietando todos os ruídos, num momento de paz, apareciam símbolos, imagens, que funcionavam de entradas para uma energia especial, que habitava um espaço além de nós mesmos. No território do sagrado.

Hoje, os paradigmas que surgem são cambiantes. Em outros tempos, a dedicação a uma causa, estudo ou profissão, era um critério básico para o sucesso pessoal e profissional. O que se busca hoje é o exercício de uma certa "esperteza" que corta atalhos...Hoje percebemos uma dessacralização de tudo que a nossa geração julga ou julgou serem valores incontestáveis.

O nosso espelho eram olhos amigos e amorosos em que cada pessoa podia se ver confirmada e aprovada em sua singularidade, sentindo-se tão mais perfeita quanto mais parecida consigo mesma.

Hoje, o que consegue ser valorizado é aquele que se mostra sempre de modo extrovertido, que a todo momento está vendendo a própria imagem, empurrada pela propaganda, que nós bem o sabemos vende quimeras, não produtos. Que tem múltiplas atribuições, fazendo do seu dia uma correria dasabalada, mostrando-se capaz de "surfar" acima de todas as ondas sem se deixar comprometer com nada. Se existem duas palavras que são temidas e banidas hoje na nossa sociedade, são compromisso e intimidade.

Naqueles tempos a ideologia valorizava o compromisso e intimidade. A possibilidade de compartilhar momentos de vida, muitas vezes tornava o fardo, a dor, o desencanto mais leves por serem divididos com pessoas amigas. E elas muitas vezes, não tinham nenhuma idéia do que poderiam fazer para ajudar, mas ficavam presentes. E a presença era o fundamental.

Tudo hoje ocorre numa rapidez estonteante, e de maneira muito intensa, sem tempo de preparação ou reflexão, sem que se possa escolher, discriminar aquilo que é nutritivo daquilo que é tóxico.

Acontecimentos importantes e rituais básicos são esquecidos e desconsiderados, banalizando relações e realizações e sempre em busca do próximo evento, daquilo que ainda está por vir. Não pela existência de algum projeto consistente, mas infelizmente pelo consumo do "novo". A ênfase no aqui e agora é confundido pela apreensão daquilo que é imediato, do já.

Lembro-me da época em que havia estranheza ao ver incluídos na formação do terapeuta trabalhos corporais, tai chi, yoga, massagem, dança, meditação, princípios de nutrição, Psicoterapia Transpessoal. Cuidava-se do todo. Surgiu com força toda uma nova tendência a ficar atento aos nossos alimentos e de tudo aquilo que ao ser introduzido no nosso corpo se tornaria parte do nosso sistema.

Hoje parece que nada alimenta esta geração que não foi treinada a discriminar e se alimentar daquilo que o seu corpo pede. E hajam anabolizantes para aumentar a massa muscular, laxativos e diuréticos para artificialmente manter o peso.

Aquela foi uma era plena de rituais; estes serviam para sublinhar, em letras coloridas, passagens importantes da vida. Assim como a Natureza tinha suas estações. Para prestar atenção e guardar no peito estes instantes que serviriam de inspiração em momentos menos afortunados.

Nem o ritual diário da refeição familiar em conjunto, momento este em que eram compartilhadas e valorizadas as vivências do dia, em que se trocam histórias, dando colorido aos acontecimentos. Esse jeito de viver não permite que se teçam relações, introduzindo o grupo familiar num enredo que vai se tornando importante porque compartilhado. Dessa maneira, as relações esfriam, viram cinza…O contato com os "pioneiros" da família, nome mais correto para os membros mais velhos, se outrora era excessivo, levando algumas vezes a uma rigidez de hábitos e costumes, hoje é inexistente. O espaço da refeição conjunta foi tomado por uma série de refeições individuais, mal aquecidas num microondas, enquanto se assiste a televisão.

Naqueles tempos, todos os membros da família eram valorizados. Cada geração tinha a sua função. Desde o pequenininho até o mais velho. Porque a noção de processo, do todo, de polaridade, do grupo total, do clã, dava um precioso sentido de segurança e pertinência.

Do jeito que estamos vivendo, em que tudo e todos são descartáveis, o campo está fértil para que se instale uma enorme solidão. E a importância da televisão consiste em reduzir o nível de estimulação ao mínimo, para que o sono venha logo, porque amanhã toda a correria se reinicia…

É importante fazer muitas coisas ao mesmo tempo. É assim que se demonstra a competência. Existe uma triste confusão entre estar feliz com estar maníaco. Fazer pouco dá impressão de deserto, de paradeira. E quando estamos exaustos de tanto correr com a cabeça e com o coração, relaxamos saindo para correr de verdade em algum percurso bem difícil e acidentado, de preferência.

Houve um tempo em que, o que buscávamos era um corpo funcional, elástico, bonito em sua fluidez, coerente com a etapa de vida da pessoa, e até valorizando suas respectivas marcas que contavam histórias.

Hoje o lema "no pain, no gain" é tomado literalmente. Ao freqüentar academias, o que vejo é em bando de gente "puxando ferro". E me lembro de filmes antigos,onde sob a lei da chibata, escravos transportavam enormes blocos de pedras para a construção de pirâmides... O que me dói hoje é perceber que a chibata está do lado de dentro das pessoas! As academias de "saúde" ensinam que o seu corpo tem de caber num molde estipulado pelos donos da moda, em geral pessoas que odeiam o ser humano. E dá-lhe pancada, e dá-lhe mais peso, mais força, e se o corpo não atender ao treino, sempre existem fórmulas mágicas que lhe prometem um lugar no Olimpo dos que conseguem caber naquilo que se chama modernidade…

É com espanto que percebo que esta nova geração não teve possibilidade de acesso ao sonho que nos embalou por algum tempo, quando julgamos ser possível, através de muita persistência negociar com a potente capacidade construtiva e também destrutiva que reside em nós…

Sou tomada de perplexidade e rebeldia quando observo esse estado de coisas. Sinto vontade de levantar a voz em protesto e ir remando contra esse fluxo. E subversivamente convidar as pessoas ao redor a recuperar suas histórias, com atenção e dedicação, construindo o próprio tempo…

Fico me indagando como ser moderna e atual sendo simples, sem ter de renunciar aos anseios e sonhos, tendo espaço para con-viver.

Como ser coerente consigo mesmo sem desrespeitar o que importa em termos humanos? Como fazer a tessitura de uma rede afetiva que garanta um espelho nítido onde cada um pode se ver como digno de ser amado, perfeito e singular?

Como transmitir a noção de tempo onde existe a possibilidade do ensaio, da escolha, do aprendizado? Onde não é preciso lidar o tempo todo com interrupções, estilhaços e delírios?


Então, insistentemente convido-os a virem comigo e seguindo a antiga tradição, buscar a quietude, dando espaço para o mergulho e a consulta à biblioteca interna, aquela que fica guardada no fundo do coração, e que embora só seja visitada em situações de crise, lá está, esperando com a porta entreaberta...

.

Vamos lá?

http://www.gestaltsp.com.br/textos/conversando_com_meus_botoes.htm


Foto de Alfredo Almeida Coelho da Cunha, Guiné Bissau 1974


"Rosa de Hiroshima"

Pensem nas crianças

mudas telepáticas

pensem nas meninas

cegas inexatas

pensem nas mulheres

rotas alteradas

pensem nas feridas

como rosas cálidas

mas oh não se esqueçam

da rosa da rosa

da rosa de Hiroshima

a rosa hereditária

a rosa radioativa

estúpida e inválida

a rosa com cirrose

a anti-rosa atômica

sem cor sem perfume

sem rosa sem nada.

Vinícius de Moraes


Foto: Anna Clara Carvalho



“O melhor jeito que eu achei para me conhecer, foi fazendo o contrário”.

Manoel de Barros


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Anotem esse nome!!!!!!!

CRISTIANA PRADO é uma cantora, compositora e produtora brasileira, nascida no dia 6 de maio de 1978 em São Paulo. A artista ama descobrir novos sons, conhecer novas culturas e fazer novos amigos, através da música. Atualmente, ela está selecionando repertório para o seu primeiro álbum e procurando uma gravadora/ distribuidora.

A Cris é uma doçura e canta muito bem, afilhada de uma amigona minha e já minha sobrinha por “osmose”.

Ela está no Myspace e se conseguir 10 mil acessos , ou seja, se tiver dez mil acessos ao link abaixo, poderá concorrer num Concurso daquele site.

www.myspace.com/cristianaprado

Confiram como a menina canta bem!

Minha amiga Mônica

Almas Perfumadas

"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro..."


Ana Cláudia Saldanha Jácomo



Pra você, miguxa, que deu-me colo num momento tão especial da minha vida.

Renovação



Renova-te

Renasce em ti mesmo.

Multiplica os teus olhos para verem mais.

Cecília Meireles

terça-feira, 12 de agosto de 2008

domingo, 10 de agosto de 2008

Encerramento de atividade

Comunico que a partir desta data estou encerrando as atividades profissionais pois com o alto preço do aluguel, INSS,ISS,Conselho Regional, CEDAE,LIGHT,TELEMAR, e a concorrência desleal não dá mais para continuar.
Caso você esteja sem grana para pagar a terapia, seus problemas acabaram.....consulte o colega abaixo.






PORQUE ESCREVO

Nos períodos difíceis de minha vida, rabiscar frases - ainda que nunca venham a ser lidas por ninguém - me traz o mesmo reconforto que a prece para quem tem fé: através da linguagem ultrapasso meu caso particular, comungo com toda a humanidade.
Toda dor dilacera; mas o que a torna intolerável é que quem a sente tem a impressão de estar separado do resto do mundo; partilhada, ela ao menos deixa de ser um exílio. Não é por deleite, exibicionismo, por provocação que muitas vezes os escritores relatam experiências terríveis e desoladoras: por intermédio das palavras, eles as universalizam e permitem que os leitores conheçam, em seus sofrimentos individuais, os consolos da fraternidade. Em minha opinião, essa é uma das funções essenciais da literatura, e o que a torna insubstituível: superar a solidão que é comum a todos nós e que, no entanto, faz com que nos tornemos estanhos uns aos outros.

Simone de Beauvoir citada por Mirian Goldenberg em "Infiel" Ed. Record

Dia dos Pais


“Na biblioteca havia uma lareira grande, no aparador o relógio que meu pai comprara quando estudante e ao qual continuava dando corda noite após noite, antes de dormir.
Eu, já deitada, escutava do outro lado da parede do meu quarto sua mão dar voltas na chave e preparar a engrenagem para marcar mais um ciclo: meu pai determinava que haveria um outro dia depois daquela noite.Apesar dos pesadelos, dos fantasmas que às vezes me assustavam, havia um universo ordenado, de sol e presenças, que o relógio de meu pai traria de volta na outra manhã.”
(Lya Luft, In “Mar de Dentro”)

Esse trecho da Lya suscita lembranças da minha infância, o relógio de papai, um "cebolão" como era chamado antigamente, o mostruário amarelado, números grandes, um relógio comum.
Mas que interessante! Papai nunca esqueceu da hora de nos acordar à noite para nos dar o remédio, de nos acordar para irmos à escola e principalmente papai nunca precisou de hora para nos dar amor e carinho.
Neste dia, em que convencionaram ser o “Dia dos Pais” deixo meu abraço carinhoso aos amigos que são pais e uma saudade imensa do meu pai generoso de abraços e de afetos.

sábado, 9 de agosto de 2008


Não existe gente grande. Existem apenas crianças que fazem de conta que cresceram, ou que de fato cresceram sem no entanto acreditar plenamente nisso, sem conseguir apagar a criança que foram, que continuam sendo, apesar de tantas mudanças, que carregam consigo como um segredo, como um mistério, ou que as carrega... Ser adulto é ser um coadjuvante.


André Comte-Sponville em "A vida humana" -Editora Martins Fontes

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"Tive vontade de sentar na calçada da rua Augusta e chorar, mas preferi entrar numa livraria, comprar um caderno lindo e anotar sonhos"

Caio Fernando Abreu

Imagem enviada pelo amigo Max

"Outro dia, numa entrevista, perguntaram-me o que eu penso a respeito do amor homossexual. A vida é tão breve, a felicidade tão rara, meu Deus, deixem as pessoas fazer o que quiserem com seus corpos! Só não gosto e não aceito vulgarização. O sexo é grave, nobre, belo, então a vulgarização me dói. Mas, afora o vulgar, a liberdade no amor deve ser absoluta. Com tanta violência, por que vamos perseguir justamente o amor? Já basta a miséria que nos tira quase tudo."

Lygia Fagundes Telles, In A Gazeta Mercantil, 16/04/2000


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Três macacos

Se preciso for

me tapar os ouvidos,

eu tapo..

Se preciso for

me fechar os olhos,

eu fecho..

Se preciso for

me calar a boca,

eu calo..

Se preciso for

me parar o coração,

eu paro..

Só não permito

me castrar os sonhos

que tenho..

Oswaldo Antônio Begiato

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Não é que o mundo seja só ruim e triste.

É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais.

Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou

a menina abraça o seu grande amigo,

nenhum jornalista escreve a respeito.

Só os poetas o fazem.

Rita Apoena

Estes meninos não são notícias de jornal ... Afinal, eles não são testemunhas da CPI, do DETRAN, nenhum deles têm cartão corporativo, nenhum dos dois arremessou a Isabella pela janela ...

Apenas uma atitude de amor e solidariedade. Meio fora de moda...