Reencantar a vida
A espiritualidade franciscana é uma espiritualidade de encanto, de admiração, de apaixonamento, de sensibilidade, de percepção. São características que vão determinando essa espiritualidade tão fontal (que dá origem), tão rica, que há oitocentos anos reúne uma família que respira o mesmo espírito.
Francisco, mais do que um personagem medieval, mais do que um santo cristão e católico, mais do que filho de Pietro Bernardone, é um momento dentro de nós. Ele é a expressão cristalina de todas as virtudes que nós sonhamos. Por isso, dizemos reencantamento.
O mundo precisa de Francisco. Precisa de Francisco porque ele mostrou para nós que é possível estar na vida sem passar desatento por ela; que é possível estar no reencantamento de todas as criaturas e de todas as pessoas.
Francisco é a presença da louvação, do êxtase, da gratidão, da gratuidade. Tem os olhos abertos para ver que, se existe esse mundo de criaturas, é preciso haver o Cântico das Criaturas. E por isso criou uma espiritualidade fontal, próxima, caseira.
A espiritualidade de Francisco é como um pão caseiro: nós colocamos a mão na massa e vamos moldando e trabalhando até encontrar o sabor que tem de ser saboreado. Ela não é uma coisa complicada. É alegria de estar juntos, o prazer de se conviver, de se encontrar, de se relacionar.
Se existe algo característico na espiritualidade franciscana é que ela une espírito e afeto. Para ela, espiritualidade e afetividade não se separam. Por isso, Francisco revoluciona a sociedade e a eclesialidade da época. Religiões, muitas vezes, têm o discurso do sagrado e do eterno, mas negam aquilo que o humano tem de mais sagrado e eterno, que é o seu afeto.
Muitas religiões passaram séculos dizendo não. Religião que diz "não" com muita frequência, não pode ser coisa boa. A espiritualidade de Francisco entra na religiosidade dizendo um sim à vida, trazendo o canto da louvação: "louvado sejas meu Senhor por todas as tuas criaturas. Altíssimo, Onipotente Bom Senhor".
É preciso ver e admirar a bondade presente em todas as coisas. A vertente da bondade, do acolhimento, da simpatia, da alegria, mostra a dignidade e a beleza do humano e de todas as coisas.
Francisco não é complicado. Nós, pós-modernos e filhos e filhas da modernidade, é que complicamos mais a vida, porque nós passamos de um modo desapercebido por todas as experiências. Nós vamos perdendo o fervor da experiência, o fervor das palavras, a alegria de estar juntos e, às vezes, não percebemos as coisas.
Por exemplo, se Francisco estivesse aqui, ele já nos teria apresentado um irmão, um irmão muito querido. Está aqui: o ARLINDO. Alguém viu o Arlindo? O ar lindo entrou pela janela. Nós enchemos os pulmões e pudemos dizer: "como é bom respirar o ar desse lugar. Louvado sejas meu Senhor pelo ar lindo!"
Se Francisco estivesse aqui, ele teria feito, no silêncio do coração, uma prece assim: "Louvado sejas meu senhor pela cadeira, meio apertadinha, anatomicamente não muito assim boa, mas muito obrigado porque ela presta uma bondade, um serviço imenso para o meu corpo". Quem de nós agradeceu a cadeira hoje? (todo mundo diz não) Nem eu.
E a irmã água? Que de manhã nos encontramos com ela na torneira, no chuveiro, lavamos o rosto, o corpo, as remelas dos olhos, escovamos os dentes. Quem de nós lembrou de agradecer pela água, tão pura, levinha, aqui no poço, bem ao lado desta sala?
Então, a espiritualidade de Francisco é a espiritualidade da convivência, do relacionamento. É não passar de um modo distraído pela vida. Então, isso é reencantar a vida, porque reencantar significa estar junto.
Vitório Mazzuco Filho
Clara
Clara
Clara é uma bebê de 01 ano e quatro meses de idade. Ela tem Paralisia Cerebral. Ela não usa suas mãos muito bem, não consegue sentar, não engatinha, tem algumas dificuldades para comer, beber, etc.
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“A solidariedade é a forma visível do amor. Pela magia do sentimento de solidariedade o meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade.” Rubem Alves
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