sábado, 3 de janeiro de 2009

Espelhos


Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos nos lembram.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, eles se vão?

Este livro foi escrito para que não partam.
Nestas páginas unem-se o passado e o presente.
Renascem os mortos, os anônimos têm nome:
os homens que ergueram os palácios e os templos de seus amos;
as mulheres, ignoradas por aqueles que ignoram o que temem;
o sul e o oriente do mundo, desprezados por aqueles que
desprezam o que ignoram;
os muitos mundos que o mundo contém e esconde;
os pensadores e os que sentem;
os curiosos, condenados por perguntar, e os rebeldes e
os perdedores e os lindos loucos que foram e são o
sal da terra

Eduardo Galeano, In Espelhos.

Em 'Espelhos - uma história quase universal', Eduardo Galeano analisa a história da humanidade sob a ótica dos desvalidos, dos esquecidos da história oficial. Em tom de crônica poética, o livro traz um panorama de acontecimentos e de transformações do mundo, misturando o passado e o presente.


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