quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Regina


Há algum tempo recebi do meu amigo Max essa foto e o poema “Regina” com a recomendação que postasse no blog. Coloquei a foto, mas o poema fui deixando para depois.

Hoje levei um puxão de orelhas, de leve, por ainda não ter postado a poesia.

Ei-la:

REGINA

Tu dás e tiras a poesia ao mesmo tempo.
eu tenho olhos para não te ver - tenho braços para não te apertar - tenho voz para não te falar - tenho ouvidos para não te ouvir.

Eu ando de templo em templo - de coração em coração - de poema em poema - de filme em filme - de bordel em bordel - procurando com lúcido fervor te desenvolver em todas as coisas.

Nasceste poderosamente dentro de mim - e de agora em diante és a revelação que estabeleço entre todas as coisas.

Não és mais uma determinada mulher - és diversas mulheres que emergiram do caos, aos pedaços, cobertas de esparadrapos - e que eu suturei e liguei numa só e única - a universal mulher sem idade, sem raça e sem temperamento.

E és também - quem sabe - a anti-mulher, a que se nega sempre, desde o princípio dos tempos, ao poeta, para que ele possa desejá-la eternamente - e nunca desmanche o ideal.

Murilo Mendes


3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Regina!!Até entendo porque você demorou a postar! Não são todas as mulheres que têm o previlégio de receber uma homenagem tão linda! Mas você merece e fico feliz por mais essa flor rara que tive a oportunidade de colher no seu canteiro. Beijos, Karmem

Max disse...

Linda poesia, rs
“Há pessoas que nos roubam...Há pessoas que nos devolvem.”

Abraços amiga.

Ariadne disse...

Poesia maravilhosa! Linda! Você merece! Beijos!