quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Quem me roubou a razão?

Quem me roubou a razão e me fez poeta?

Quem me plantou esse verde dentro

E me fez desejar ser vento

E me fez desejar ser mar?

Quem me colocou nas mãos este dardo imenso

De dar voz ao sofrimento

De dar cor as lágrimas que verto

De ser verbo e verso a chorar?

Quem me traçou linhas e vida

E as juntou

E as tornou uma

E se escrevo vivo

E se vivo escrevo

E se as canto sou?

Quem me roubou a razão e me tornou insana

E me deu a voz e me deu o verbo

Se não o quero nem murmurar?

Encandescente, In Palavras Mutantes, Editora Polvo



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