quinta-feira, 28 de maio de 2009

O gato que gostava de cenoura

“Era uma vez um gatinho.

Gatos são animais nobres.

Felinos.

Primos dos tigres, dos leões, das onças.

Velozes, silenciosos, macios, elegantes.

Símbolo da magia – toda bruxa tem um gato, preferivelmente negro.

Símbolo daquilo que fascina e atrai. Um homem bonito, amado pelas mulheres, é um

“gato”. Uma mulher bonita, amada pelos homens, é uma “gata”.

Os gatos como todos os felinos são caçadores.

Gatos caçam peixes, ratos e pássaros.

Um peixinho bobo, na superfície do tanque,

um passarinho distraído, comendo quirera,

um ratinho molenga, passeando pela casa,

e era uma vez um peixinho, um passarinho e um ratinho...Viraram comida

de um gato.

Assim, são os gatos, caçadores carnívoros. Eles desprezam os coelhos – animais do mesmo tamanho, só que nem são caçadores, nem carnívoros. Coelhos comem cenouras. Os gatos odeiam cenouras. Para os gatos, quem como cenoura é ruim da cabeça. Os coelhos devem ser doidos....”


Rubem Alves, In O gato que gostava de cenoura.


Sou admiradora da obra do Rubem Alves e este livro infantil encantou-me pela sensibilidade e poética com que trata de uma questão tão sensível, as diferenças na sexualidade.

Obra que deve fazer parte de toda biblioteca infantil.


Casa de Rubem Alves: http://www.rubemalves.com.br/

5 comentários:

............... disse...

Leia o texto dele publicado ontem na Folha de S. Paulo, se puder.
Chama-se "O direito ao corpo".

Alguns pensarão que é tétrico, mas não. É sábio e corajoso. Como ele.

Bjs

Mônica disse...

Oi, para marcar presença, deixo o meu beijão !!!

Unknown disse...

Esse texto é mesmo como você falou: lindinho! Até imprimi para mim, achei muito legal. Beijos!

Vanessa Oliveira disse...

Querida Regina, que texto mais sensível! Respeitar as diferenças, sejam elas em qualquer situação, não só em questão de sexualidade, é essencial para vivermos em sociedade, mesmo porque, são as diferenças que nos fazem assim tão especiais. Obrigada por ter lembrado de mim. Fiquei bem feliz e foi com alegria que vim até aqui comentar este texto.
Um grande beijo no teu coração.

Anônimo disse...

o texto pode tratar de n coisas, não necessariamente homosexualidade galerê