domingo, 27 de abril de 2008

Para João Guilherme

Quisera, como eu quisera,

Poderes mágicos eu ter

Restituir para você a

Esperança que a vida levou.

Hoje, quando você chegou

E de mim se aproximou

“Tia me dá um dinheiro pro pão?”

Senti a fome de carinho,

Do aconchego do lar,

De ter alguém pra lhe dar a mão.

De repente, num instinto maternal

Sua cabeça acariciei e você

Espantado a mim perguntou:

“Tia você não tem medo de mim?”

Ah! Menino franzino

Com você pude enxergar

Quantas vezes nossa violência

Está nos gestos, na omissão, no olhar.

De conversa em conversa

Nós dois na lanchonete

Bebendo coca-cola e

Você comendo um “burgão”

E seria só a fome do pão?

Quisera, como eu quisera

Resgatar sua auto-estima

Devolver-lhe seu nome original

Não ser mais o menino de rua

Voltar a chamar-se João.

Regina Cœli Carvalho
08/03/07


Um comentário:

Ju disse...

Re querida, já me emocionei com esse texto na primeira vez que o li na nossa comunidade. E hoje mais uma vez me emociono! Fico pensando em quantas oportunidades de aprender tenho perdido, dando espaço ao medo que nos cerca. Medo da verdade nua e crua.
Parabéns meu anjo!
bjs